Saudações, mancebos! Sejam
muito bem-vindos a mais um Primeira Impressão! Como vocês estão?
Bem, e a fim de tirar o
elefante branco da sala, sim, eu sei que passei da modesta casa de 1
programa de dívida para 3, TRÊS! E, bem... espero poder em alguma hora lhes
contar o motivo dessas minhas faltas, mas o que lhes disse antes sobre
compensar minha ausência continua de pé. Haverá sim mais de um programa
com crítica dupla, ou quem sabe até mesmo um programa extra na semana, para que
as críticas não realizadas nesses 3 domingos sejam devidamente feitas. Ou seja,
minha lista com as estreias não será prejudicada. Dito isso, acho que
podemos ir ao que interessa, correto?
E a crítica de hoje é sobre Imperfeita
Personalidade, escrita por Allan Rodrigues e exibida no Almanaque Novelas.
Confiram a sinopse:
"Imperfeita
Personalidade é uma web série no estilo bate e volta, ou seja, para mostrar que
tudo que você faz aqui, paga aqui.”
Previsibilidade. Ou clichê.
Eu sinceramente não consigo me decidir qual das duas palavras é a que melhor
descreve essa estreia – intitulada “Golpe Inicial”. Bem, vejamos então o que
constrói essa minha dúvida. Os personagens centrais são compostos por uma
protagonista ingênua e sonhadora, (representada por Ariane), moradora de uma
fazenda em Minas Gerais (um cenário idílico para ajudar a compor a santidade da
personagem), uma vilã que se faz de amiga (a sádica Yonara), mas que por trás agarra
o namorado da mocinha, e, claro, o namorado cafajeste (Júlio). Ou seja, a
estrutura mais básica das webs adolescentes, estrutura essa que é derivada de
clássicos folhetins televisivos mexicanos; não que isso seja um problema, mas é
uma fonte já muito utilizada ao longo dos anos, levando-nos à tal pergunta
diante de mais uma web do tipo: clichê ou previsibilidade? Bem, tendo a dizer
que ambos.
E o mínimo que o texto
poderia fazer diante de uma estrutura já tão batida é justificar as posições de
cada peça, ou personagem. Mas isso não só não é feito como acaba gerando
contradições. Primeiro: Júlio, o namorado de Ariane, diz à amante Yonara que
não suporta “aquele jeito mosca morta” da namorada. Ora, mas então por que é
que ele ainda está com ela? Por acaso a história se passa na Antiguidade, onde
os casais eram prometidos um ao outro por suas famílias? E a pior situação é
Yonara, que demonstra tanto ódio, desprezo e sadismo contra a “amiga”,
mas não há no texto uma única linha de justificativa para isso, absolutamente nada!
Yonara odeia Ariane com todas as suas forças simplesmente porque sim, porque o
autor precisa criar conflitos na trama. E olhem que não seria difícil
estabelecer um motivo plausível para tanto ódio com uma ou duas linhas de
diálogo. Algo como um ato antigo (intencional ou não) de Ariane contra Yonara
ou alguém de sua família, por exemplo. E não adianta dizerem que é por conta de
Júlio, pelo qual Yonara é apaixonada, pois para isso bastaria que eles se assumissem
logo após Júlio terminar com Ariane, já que a acha sem graça. Vejam como logo
de entrada fica perceptível a fragilidade do principal núcleo da série.
Há até uma trama paralela
onde um casal de irmãos, Thelma e Fabrício, cada um com seus respectivos
parceiros amorosos, são apresentados em um momento emocionalmente difícil, já
que não superaram a trágica morte da mãe Valéria em um confronto entre o
bandido que a sequestrava e a polícia, acontecimento de um passado não muito
distante. E a situação é ainda mais complicada por conta do envolvimento do
terceiro irmão, Guto, com os mesmos bandidos que sequestraram Valéria. Esse
núcleo gera aquela que é a melhor cena da estreia, quando Guto, sentindo
saudades, tenta se reaproximar de Thelma, que se tornou policial, mas ela o
expulsa devido ao seu envolvimento com o lado do crime, apenas para depois
desabar em choro. Essa é a cena mais verdadeira em termos de dramaticidade e de
construção de personagens.
Acontece que mesmo esse
núcleo apresenta uma fragilidade, e ainda localizada na base, que é a sequência
em que Valéria é morta. O fato de a cena ser um flashback acaba passando ao
leitor uma sensação de importância diminuta, não dando ao acontecimento o mesmo
peso dramático que teria se o ocorrido fosse descrito em tempo real, como uma
trama paralela, deixando o atual momento dos irmãos Thelma, Fabrício e Guto
para o futuro, nos próximos capítulos. Afinal de contas, a princípio não há
nenhuma ligação direta entre esse núcleo e o principal, então essa caminhada em
paralelo poderia ocorrer perfeitamente.
Justa ou injustamente, acaba não sendo nenhuma surpresa o fato de a estreia também não se dedicar em apresentar adequadamente seus personagens, com alguns chegando a ser introduzidos em diálogos, como se o leitor soubesse que naquele cenário tem mais alguém para abrir a boca e falar; mas, de repente, ali está um tal Fulano dizendo algo. Um clichê do Mundo Virtual que acaba combinando negativamente com os clichês dos personagens principais, rasos e/ou caricatos, restando ao leitor que prosseguirá leitura a esperança de que tais personas quadradinhas sejam abaladas por algum acontecimento, trazendo assim imperfeitas personalidades à série. Talvez isso sim não fosse previsível.
Série: Imperfeita Personalidade
Autor: Allan Rodrigues com supervisão e colaboração de texto de Lukas Lima
Episódios: 13
Emissora: Almanaque Novelas
Clique aqui para ler o 1° episódio
Agora me digam: já leram a série?
O que acharam dela? E quanto à crítica? Digam tudo nos comentários abaixo.
Bem, agora vamos ver o
comentário do autor da obra criticada no programa passado.
Pois então, Diego. Comédia
é, de fato, um diferencial, principalmente por ser um grande desafio. Não são
todos que conseguem fazer rir, até porque o que é engraçado para mim pode não
ser para você e vice-versa. Quanto às suas inspirações, você olhou para o lugar
certo, pois acredito que essas novelas que mencionou tem o mesmo tom que você
busca no texto. E tenho certeza de que evoluirá ainda mais, haja vista a linha
crescente de evolução nas suas 3 obras criticadas por mim. Agradeço muito
pelos elogios e parabéns pelo trabalho, mancebo!
Bom, e se alguém perdeu o já
distante programa passado, basta clicar aqui para lê-lo. E se quiserem me
sugerir novas obras para terem suas estreias analisadas aqui no programa, basta
pedir nos comentários abaixo.
Obrigado pelo seu comentário!