A Promessa
CAPÍTULO 40
webnovela de
FELIPE LIMA BORGES
escrita por
FELIPE LIMA BORGES
livre adaptação do livro de Rute
No capítulo anterior: Iago diz a Maya que, depois do que aconteceu, ele está sentindo uma vontade insaciável de beber. Malom e Quiliom ludibriam os guardas do templo e assumem suas posições. Magda pergunta a Boaz onde comemorarão o aniversário de 1 dia de namoro. Gael diz a Segismundo que encontraram supostas pistas da passagem de Elimeleque e sua família, e ele manda Gael ir fazer o serviço que combinaram. Na troca de turno, Malom e Quiliom entram no templo vestidos de guardas. Faruk corre com soldados para o quarto de Aylla. Gael se encontra com Iago na hospedaria e adiciona um líquido no vinho desse. Diferente de Tamires, Maya não lamenta a recusa de Iago em entrar para a Caravana. Malom e Quiliom nocauteiam outros dois guardas e Malom sobe até a janela do quarto de Aylla. Ele se apresenta à menina, pergunta se ela quer conhecer o Deus de Israel e ela diz que confia nele. Faruk e os soldados invadem o quarto, mas Malom consegue jogá-la para os braços de Quiliom. Os homens ferem Malom, que cai. Os dois irmãos correm com Aylla e se juntam a Rute e Orfa. Rute os leva pela laje de um prédio e depois por um muro. Os soldados continuam em seu encalço. Malom consegue atrasá-los e derrubar alguns enquanto os amigos descem e, com a ajuda de Quiliom, ele também desce. Abrem o portão e as sacerdotisas jogam várias pedras nos guardas, e eles fogem. Faruk chega ali furioso e vai atrás deles. O grupo se divide e Malom vai com Rute e Aylla. Em um beco, são cercados por 3 soldados.
FADE IN:
CENA 1: INT. HOSPEDARIA – NOITE
Iago e Gael bebem sentados à mesa. Iago encara o nada parecendo enjoado... De repente, ele desaba sobre a mesa, desacordado.
Imediatamente Gael faz um sinal para o dono.
GAEL
Não aguentou, coitado. Muito vinho...
O dono vai até ali.
GAEL
Eu preciso ir. Cuide do meu amigo. Não está em boas condições.
DONO
Entendido, senhor.
GAEL
E lembre-se: nunca me viu aqui.
DONO
(confuso) Ce-certo...
Gael se levanta e vai embora. O dono, um tanto aflito, olha da saída para Iago, adormecido sobre a mesa.
CENA 2: INT. CASA DE IAGO – SALA – NOITE
Maya cantarola baixinho enquanto faz seus serviços. Ouvimos o barulho da porta se abrindo.
MAYA
Iago? Voltou cedo, meu amor... Pensei que demoraria mais.
A porta se fecha e Maya olha para lá. Não é Iago quem está ali, mas Gael. Maya se assusta e vira de uma vez pra ele. Gael a encara tranquilamente.
ABERTURA
CENA 3: EXT. MOABE – RUAS – NOITE
Com Aylla em seu colo e Rute segurando seu braço, Malom encara os dois soldados à sua frente. Outro, atrás deles, os cuida. Momentos de angústia...
Um homem, com a cabeça coberta por um pano, se aproxima normalmente por trás. Aparentemente, apenas um transeunte.
Um dos soldados, sorrindo maldosamente, acaricia o cabelo de Aylla.
SOLDADO
É uma gracinha...
VOZ
Fale isso para a minha espada, ela vai gostar!
De repente o transeunte tira uma espada de trás de si e faz um corte feio no braço do soldado que acariciava Aylla. Ele cai. Malom e Rute percebem que é Quiliom!
MALOM
Perfeito, irmãozinho!
Os outros dois soldados vão em direção a Quiliom. Um consegue, mas o outro é interceptado por Malom, que o agarra por trás, apertando o pescoço com seu braço, e depois o joga contra a parede. O soldado cai e fica com dificuldade de se levantar.
Quiliom e o último soldado duelam à espada. Golpes em cima, em baixo, pulos, desvios, gritos... Tudo isso é interrompido com Malom chegando por trás do soldado e quebrando em sua cabeça um vaso pego por ali.
QUILIOM
Eu ia vencê-lo...
MALOM
(sorrindo) Eu sei... Vamos!
Eles saem correndo.
Em outra rua, Orfa desce a ladeira correndo. Um vulto está próximo dela. Sem dificuldade, o homem a agarra e a para; é Faruk.
FARUK
Pare! Pare!!! Orfa!!!
Orfa olha cansada e assustada para Faruk.
FARUK
Para onde eles foram?! Para onde???!!!
ORFA
Senhor!... Diga-me a verdade... Para quê quer fazer o sacrifício?!
PAH! Faruk mete o tapa em Orfa.
FARUK
PARA ONDE???!!!
ORFA
Não sei!!!
FARUK
FALA!!! FALA!!!
ORFA
Não sei!!! Pra lá, talvez!... Não sei!...
Faruk corre na direção apontada por Orfa. Ela, quase chorando, respira ofegante e confusa. Olha para onde ele foi...
Então sai correndo por outro lado.
Malom carregando Aylla, Quiliom e Rute correm por outra rua. Um grupo de soldados os avista e começam a persegui-los. Rua após rua, esquina após esquina... As pessoas paradas ficam confusas com eles passando a toda velocidade por elas. Ao ver os soldados vindo, elas se afastam com rapidez.
MALOM
Rute, Quiliom!... Continuem pelo chão! Vou com Aylla por cima.
RUTE
Por cima?!
Malom olha as casas ao lado.
QUILIOM
O que você vai fazer, Malom?!
Segurando Aylla firmemente em seus braços, Malom dá um salto e sobe em uma varanda. Rute e Quiliom parecem diminuir a velocidade para vê-lo.
MALOM
Vão! Vão!!!
Os dois continuam.
Malom escala a varanda e sai na laje da casa. Dali para baixo do morro, as casas são muito próximas umas às outras. Malom avista que os soldados estão já próximos daquela casa.
MALOM
Segure...
Aylla agarra o pescoço de Malom, que respira fundo e pula de uma laje para outra.
MALOM
Não foi tão difícil... Nós vamos por cima, de telhado em telhado.
Aylla olha para as próximas casas e faz que sim um tanto receosa. Malom então começa a correr e a saltar de uma laje para outra. Em cada uma, objetos diferentes. Cestos, vasos, plantas, varais com tecidos pendurados, cadeiras...
Lá embaixo, um soldado o ultrapassa pelo chão e sobe, com agilidade, em uma casa à frente. Malom é surpreendido com o homem e obrigado a desviar. Cai meio sem jeito em uma varanda cheia de gente que, assustados, abrem caminho. Ele continua de varanda em varanda e, ocasionalmente, por cima de lajes.
O soldado que o havia surpreendido sinaliza para os outros, que se espalham pelos telhados, becos e varandas.
Malom corre muito. Desce de uma laje para um quintal, dali para outra laje em nível mais baixo, e vai morro abaixo.
Em outra rua...
QUILIOM
(olhando para as casas ao redor) Eu não os vejo...
Rute também procura.
RUTE
Precisamos ajuda-los...
QUILIOM
Sim... Pegue o que achar pela rua.
Enquanto Quiliom procura pelo irmão, Rute sai pegando coisas aleatórias jogadas por ali.
Finalmente ele avista, não muito longe dali, Malom pulando de um telhado para outro.
QUILIOM
Lá! Ali! Vamos!
Quiliom corre e logo avista que os soldados também estão por cima.
RUTE
Por isso os objetos?
QUILIOM
Sintonia!
Rute dá um leve sorriso exausto e arremessa as coisas nos soldados. Quiliom pega alguns das mãos dela e também joga nos homens que perseguem Malom.
Os soldados não chegam a cair com os arremessos, mas se distraem e se atrasam com as coisas jogados em seu rosto. Um grita de raiva e outro tropeça e rola dali.
Um pouco mais livre, Malom avista Quiliom e Rute, que correm pela rua e emparelham com ele.
QUILIOM
Me dê ela, Malom!
Malom fica receoso e olha para Aylla.
AYLLA
Já sei... Eu confio!
Malom sorri, olha para a posição de Quiliom e joga a menina. Mais uma vez Quiliom a agarra no ar, a ajeita em seus braços e sorri para ela.
AYLLA
Já sei... O senhor já está ótimo nisso!
QUILIOM
Menina inteligente!
Quiliom e Rute disparam. Malom vai pular para a rua quando dois soldados surgem em seu caminho. Por causa da velocidade, ele não consegue parar e bate em um, que cai seco para trás. Malom cai desengonçadamente na rua, entre os transeuntes, e sai atrás dos amigos.
Logo os alcança e eles continuam.
CENA 4: EXT. CASA DE LEILA – LOJA – FRENTE – NOITE
Noemi, Elimeleque e Leila da mesma forma de antes: ansiosos e aflitos.
De repente, barulhos vindos lá de cima da rua.
ELIMELEQUE
São eles.
Logo Malom, Quiliom com Aylla e Rute aparecem lá em cima e se aproximam correndo.
Eles param derrapando os pés.
NOEMI
Meu Deus! Vocês estão bem?! Malom, está ferido!
ELIMELEQUE
O que aconteceu?! Por que a correria?!
Leila encara Aylla nos braços de Quiliom.
LEILA
Essa é a menina...
MALOM
Sim, e precisamos entrar. Estão vindo atrás de nós.
RUTE
E Orfa?! Não chegou?!
NOEMI
Ninguém chegou...
RUTE
Precisamos esperar por ela...
MALOM
Rute, entre com Aylla.
Rute faz que sim, pega Aylla dos braços de Quiliom e entra. Leila as acompanha.
Quase no mesmo instante, Orfa vem correndo por outra rua e para ali.
QUILIOM
Orfa! Estava tão preocupado!
Orfa o abraça.
NOEMI
Vamos entrar, vamos logo...
Quando eles estão entrando na loja, PÁ! Uma flecha passa por eles a altíssima velocidade e crava na madeira da porta. Eles viram para a direção de onde ela veio e veem Faruk com alguns soldados se aproximando.
FARUK
Não se mexam! (pequena pausa em que sorri) Estão encurralados.
Noemi, Elimeleque, Malom, Quiliom e Orfa olham assustados para ele, que se aproxima e para, encarando-os vitoriosamente.
CENA 5: INT. CASA DE IAGO – SALA – NOITE
Maya, assustada, encara Gael, parado na porta.
MAYA
Quem é você?
GAEL
Não se assuste. Sou amigo da sua amiga. Sou da Caravana.
MAYA
E por isso eu deveria ficar tranquila?
GAEL
Eu vim fazer algo bom...
Maya franze o cenho.
GAEL
(completando) ...para o seu marido.
Gael então se aproxima calmamente da mesa. Maya o observa mantendo distância. Ele se senta tranquilamente.
MAYA
Você não tem direito de entrar aqui assim... Nem bateu, nem chamou!...
GAEL
É necessário que seja assim.
MAYA
O que você quer?
GAEL
Maya, primeiro vou falar do que não quero. Eu não quero que em momento algum você pense que isso será pessoal.
Maya balança a cabeça confusa e cada vez mais assustada.
GAEL
Por favor, sente-se.
Ela olha para a cadeira, mas fica em seu lugar, distante.
GAEL
Agora falemos do que você quer saber, que é o motivo da minha estadia. Depois de presenciar o que o seu marido fez com os saqueadores, Segismundo passou a querer muito Gael na Caravana.
MAYA
Presenciar?...
GAEL
Infelizmente Iago não aceita, e isso é por causa de você.
MAYA
Onde... você quer che-chegar?...
Encarando-a, Gael respira fundo.
GAEL
Enquanto você viver, Iago não entrará para o nosso grupo.
Maya o encara cada vez mais aflita.
GAEL
E ele é a peça que falta para levar a Caravana da Morte para um patamar imbatível.
Maya já entendeu tudo. Por alguns segundos ela o encara. De repente, abre a boca tentando achar forças para gritar. Imediatamente Gael se levanta, vai até ela e a agarra em seus braços. Maya tenta gritar, mas ele tampa sua boca e impede qualquer movimento seu de fuga.
Gael então vai até a porta mantendo Maya presa em seus braços e com a boca tampada. Lá, ele a abre e pega algo no chão do lado de fora: uma corda. Por causa das unhas de Maya e do atrito com a porta, um pedaço da veste de Gael se rasga e cai no chão. Ele fecha a porta e volta para a cadeira.
Ele então a senta e começa a amarrá-la pelos braços, sempre mantendo uma mão tampando a boca.
Com os braços amarrados, Gael passa a corda duas vezes pela boca dela, impedindo-a de fechar a mandíbula e também de emitir som. Ela tenta se debater e gritar, mas em vão.
Olhando-a, Gael respira fundo. Então volta para a porta, abre-a novamente e pega outra coisa lá fora: uma tocha ainda apagada. E volta para dentro.
Maya o olha com extrema aflição. Gael vai até alguma chama que ilumina o local e acende a tocha. Logo, as labaredas ardem maliciosamente vivas.
Maya desesperada...
CENA 6: EXT. CASA DE LEILA – LOJA – FRENTE – NOITE
Noemi, Elimeleque, Leila, Malom, Quiliom e Orfa olham assustados para Faruk, com os soldados atrás de si, alguns arqueiros. Rute, lá dentro, coloca Aylla atrás de uma prateleira e se aproxima de onde todos estão. Faruk a olha com extremo rancor.
FARUK
Essa traidora pensou que escaparia?!
Rute franze o cenho. Olha para Orfa e de volta para Faruk.
FARUK
(para Rute) Confia nela, Rute? Pois foi ela quem te denunciou.
Rute muda o semblante, fica abismada... Quiliom também está surpreso. Confusa, Rute olha para Orfa.
ORFA
Eu posso explicar, Rute! Eu juro que posso--
FARUK
(para os soldados) Entrem e encontrem a oferenda.
Os guardas passam por ele e intentam entrar na loja, mas Malom e Quiliom, segurando suas espadas, bloqueiam o caminho.
FARUK
Como ousam?! Eu sou Faruk, o Sumo Sacerdote de Moabe! Tenho o poder de condená-los à morte! E de condená-los à ressuscitarem apenas para morrerem de novo!!!
QUILIOM
Então avance, e vamos ver se esse seu poder todo vai poder parar a minha espada viajando na direção do teu estômago!
Faruk fica vermelho de ódio. Rute se aproxima de Faruk e o encara com firmeza.
RUTE
Fora daqui.
FARUK
Como é?!
RUTE
Fora... daqui!
Faruk ri.
FARUK
Isso é algum piada?!
RUTE
Você vai embora agora mesmo e nunca mais voltará aqui, nem mesmo mandará alguém.
Faruk gargalha.
FARUK
E como é que acha que vai conseguir isso, ahn, Rute?!
RUTE
Eu vou abandonar o sacerdócio, sairei do templo e vou morar aqui na cidade. Vou--
MALOM
(interrompendo) Vai se casar.
Faruk e Rute olham para Malom.
RUTE
Sim.
Faruk a olha enojado.
FARUK
E você, Orfa?!
Orfa engole em seco. Olha receosa para Quiliom, que mal a olha.
ORFA
Vou... Vou me casar.
Faruk balança a cabeça negativamente.
FARUK
Qual é o seu problema?! Vou denunciar tudo ao rei. Certamente serão condenadas à morte ainda hoje!
RUTE
Você não vai fazer isso, não vai falar nada para ninguém! E garantirá que esses homens não falem também.
Faruk a encara.
RUTE
Aliás, você vai falar sim sobre Orfa e eu, mas à favor. Vai nos apoiar e nos defender para que Zylom não retalie.
FARUK
Nunca!!!
RUTE
OU ENTÃO!... (respira fundo; firme) Ou então eu vou contar diretamente ao rei que o Sumo Sacerdote de sua confiança sequestra crianças para realizar sacrifícios. Sacrifícios esses que não são para o benefício do rei ou do reino, mas para si.
Faruk sente o baque e fica pálido.
RUTE
Eu sei de tudo, Faruk. Eu o vi. Era eu no santuário. Joguei meu anel para escapar, mas vi o suficiente.
Faruk está claramente perdido. Então tenta recuperar alguma força e olha para ela.
FARUK
O rei nunca acreditaria em você. Uma desertora, uma traidora! Eu tenho muito mais palavra, muito mais prestígio!
RUTE
Você veio com tudo atrás de nós, de Aylla... Quase a cidade toda está aí de testemunha.
FARUK
Estava apenas cuidando dos negócios do reino!
RUTE
É mesmo, Faruk? É do ofício do Sumo Sacerdote comandar soldados em perseguições pelas ruas? Admita que muita, mas muita suspeita cairá sobre você. E, dependendo do ânimo do rei no dia, suspeitas são mais que o suficiente para o destino do acusado ser a forca.
Faruk percebe que está encurralado.
RUTE
Nunca mais você importunará essa família, Aylla... ninguém. Vai embora e vai nos deixar aqui, em paz. E nunca mais sequestrará criança alguma.
Nervoso, Faruk olha para todos os lados.
RUTE
(estendendo a mão) Nós temos um acordo, Faruk?
Faruk aperta os lábios, olha com raiva para Rute, mas, com muita dificuldade, pega a mão dela. Por fim se soltam.
QUILIOM
Agora vá embora. E rápido.
Faruk olha para Quiliom, para Orfa, para Leila, para Elimeleque e para Noemi. Depois olha para Aylla, já na entrada da loja, como um cão que perdeu seu pedaço suculento de carne.
QUILIOM
Vamos, fora!
FARUK
(para Rute e Orfa) Vocês não levarão nada de lá! Nem, até então, seus pertences! Absolutamente nada--
RUTE
(interrompendo) Eu não quero nada! O que tenho é o suficiente.
Os músculos do rosto de Faruk tremem de raiva e nervoso. Ele a olha uma última vez de cima a baixo e vira, indo embora. Os soldados o acompanham e eles sobem a rua. Faruk não olha nem uma vez para trás.
Todos ali sorriem aliviados e se abraçam. Aylla vem correndo de dentro da loja e se junta a eles.
LEILA
Obrigada, sacer--
RUTE
(sorrindo) Rute, apenas Rute.
Eles riem.
ELIMELEQUE
Você foi muito corajosa. Parabéns.
NOEMI
Que fibra, hein, Rute?
Rute sorri para Noemi e eles voltam a se abraçar. Elimeleque pega Aylla no colo e brinca com ela.
Por fim, os olhares de Rute e Orfa se cruzam. Um mal-estar no ar...
RUTE
Nós temos que conversar. Muito sério.
Orfa, ciente de sua culpa, a encara.
CENA 7: INT. CASA DE IAGO – SALA – NOITE
Gael, de pé e segurando a tocha em chamas, encara Maya amarrada, desesperada e com o rosto molhado de lágrimas.
GAEL
Iago precisa perder tudo, absolutamente tudo, para que possamos ganha-lo.
Maya chora...
MAYA
Orrfavorr...
GAEL
Eu sinto muito, mas é bom que você aceite. Estaremos dando uma vida melhor para o seu marido.
Friamente, Gael começa a colocar fogo nas coisas. Nos tecidos, nas madeiras... Maya grita com os olhos arregalados. Gael não a olha, apenas dá início a focos de incêndio em todos os cantos da casa. As chamas se juntam e o incêndio se espalha com rapidez.
Ele volta para onde ela está. Fogo para todos os lados... Gael abandona a tocha nos pés da cadeira de Maya. Seus gritos aumentam, mas o som é abafado pela corda e seus movimentos não resultam em nada.
Já sem nada nas mãos, Gael a observa.
GAEL
É o que acontece com quem fica no caminho da Caravana da Morte.
Ela grita, implorando... Ele vira as costas e caminha, entre as chamas, para a porta. Abre-a e sai.
Maya usa todas as suas forças para tentar se soltar, mas nada. O fogo se espalha e cresce ao seu redor. Molhada de suor e lágrimas, seu desespero apenas aumenta. As coisas ao redor começam a desabar. O teto à frente dela cai com as chamas. Mal a enxergamos...
O fogo a cerca.
CENA 8: EXT. CASA DE SEGISMUNDO – FRENTE – NOITE
Um fumaceiro sai da casa. Gael pega suas coisas do lado de fora quando nota o pedaço rasgado de suas vestes caído. Então chuta-o para mais próximo da casa, para que seja queimado, e sai.
Gael se afasta da casa tranquilamente. Atrás dele, BUM!!! As janelas explodem e as chamas saem para fora. Gael não esboça reação e nem olha para trás, apenas continua a caminhar, se afastando da casa.
CONTINUA...
FADE OUT:
No próximo capítulo: Orfa se humilha para Rute e Iago descobre que sua casa se incendiou.
Obrigado pelo seu comentário!