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Primeira Impressão com o Senhor X - Crítica "Espíritos Natalinos" - Programa 19 (ESPECIAL DE NATAL)


Saudações, mancebos queridos, sejam mais que bem-vindos ao Primeira Impressão Especial de Natal!

Apesar de no programa passado eu ter dito que aquele era o último de 2020 com crítica, na verdade era o último com crítica válida para o Troféu Galáxia, e também o último com crítica apenas do primeiro episódio/capítulo, que é justamente a premissa desse programa. Porém, eu não poderia deixar minha época preferida dos humanos passar em branco, e é por isso que estou hoje aqui para fazer a crítica não de uma estreia, mas de uma obra completa. Sim, analisaremos todos os capítulos da web de hoje.

Portanto, mancebo, não precisa esperar o ponto certo da carne, a temperatura ideal da bebida e a hora da ceia no tédio. Estou aqui com você e vamos nos divertir um pouquinho que seja analisando as coisas que algum autor escreveu por esses tempos. Mas antes, vocês sabem onde estou? Imaginam?! Se chutaram alguma coisa, certamente erraram. Dica: está frio, “já” é noite, muito frio, trata-se de um planalto, frio demais, há apenas um homem gordo aqui perto, frio de gelar a alma, auroras boreais... Enfim, ao final lhes conto.

Mas agora vamos à crítica, que se trata da minissérie Espíritos Natalinos, escrita por Felipe Borges e exibida na TV Mix. Confira a sinopse:

RAVENNA CORRÊA é a prefeita da pequena cidade Alvorada, conhecida por suas belezas naturais e também por sua imensa represa de água, que ajuda a abastecer todo o estado do Rio de Janeiro. Ela é filha do autoritário e temido coronel LINEU, cuja palavra é lei na cidade. Lineu tem outro filho, mais velho que Ravenna, chamado JONAS. Jonas já foi casado com LUNA, com que teve o filho ANDERSON, mas após várias traições eles se divorciaram. Atualmente ele vive uma relação com SABRINA, uma prostituta da cidade. Anderson sempre lutou contra as várias atitudes da família, juntamente com seus amigos VERA e MARCOS, e desta vez será uma “grande batalha”, pois ele descobriu os planos da tia: explodir os muros da represa em pleno Natal, levando à destruição total da cidade e assim podendo construir algo como seu próprio reino, e para isso ela recebe o apoio do pai e do irmão. Outra pessoa que entra nesta luta é ROSEA, uma esotérica perseguida pela maioria dos moradores da cidade, principalmente pelo padre ANTÔNIO e por NARCISA, uma beata. Rosea descobrirá os planos da família Corrêa em um sonho premonitório e, para tentar salvar todos da cidade, receberá a ajuda dos famosos 3 Espíritos do Natal, que tentarão mudar todos os planos de Ravenna, que odeia o Natal com todas as suas forças (por isso escolheu essa época para destruir a cidade). Será que Anderson, Rosea e os Espíritos Natalinos conseguirão salvar a cidade desta catástrofe que acontecerá na manhã de Natal?

Quando Charles Dickens, às vésperas do Natal de 1843, publicava seu novo livro intitulado “Um Conto de Natal” (ou “Três Espíritos do Natal”, ou ainda “A Christmas Carol”) a fim de conseguir pagar as contas que aumentavam cada vez mais, nem em seus melhores sonhos ele podia visualizar o tremendo sucesso que a obra faria pelo mundo e a quantidade de adaptações que ela teria ao longo dos próximos mais de 150 anos. E se diversos filmes e séries já colocaram suas bases na obra de Dickens – onde um protagonista de mal com a vida e com o Natal é visitado consecutivamente por 3 espíritos que tentam lhe abrir os olhos para o que realmente importa na vida – por que não uma obra do Mundo Virtual?

E é dessa forma que o autor (Felipe Borges, o mesmo de Gênesis, e que não é o Felipe Lima Borges, minha mão direita nesse programa) cria a premissa e estrutura da minissérie em questão. Mas no lugar de Londres, a fictícia Alvorada, uma típica cidade do interior localizada no Rio de Janeiro, mas também logo abaixo de uma imensa represa. E fazendo as vezes do carrancudo empresário Scrooge, a corrupta e maligna prefeita Ravenna e, obviamente, é sobre ela que começamos a falar. Mesmo sendo a protagonista, Ravenna é uma autêntica vilã, afinal a personagem precisa trilhar o caminho da redenção, principal característica da obra original. No entanto, o autor escolhe construir a personagem de forma caricata, praticamente uma vilã de desenho animado. Não que o Scrooge original não tenha traços caricatos, mas aqui esse estilo de personagem, em uma realidade mais próxima da nossa, causa certa estranheza, mesmo rodeada de típicas figuras saídas das novelas interioranas de Aguinaldo Silva e com um plano maligno de Ravenna que faz jus aos dos vilões de desenhos de sábado de manhã – o que, nesse caso, não é ruim.

Quanto ao tal plano de Ravenna, ele se dá por conta que a prefeita pretende destruir a cidade para poder construir, junto à sua família, a Alvorada de seus sonhos, sem aquela gente toda que ela considera pobre, chata e desgraçada. Como ela pretende fazer isso? Explodindo o muro de contenção que segura as toneladas e toneladas e mais toneladas de água da represa. E esse evento, que Ravenna pretende que aconteça no dia 24 de dezembro, como hoje, é o que movimenta toda a história e todos os núcleos, de forma que nos é entregue uma minissérie com uma estrutura de trama redondinha, excelente. Todos os núcleos estão sempre movimentados por causa desse evento, e a tensão ao longo dos 5 episódios por conta do que supostamente está por vir é crescente. Temos a autêntica falsa cristã e hipócrita Narcisa, que é também tia de Ravenna e cúmplice da mesma, se envolvendo com o padre da cidade, o que será uma arma nas mãos de Luna, ex-esposa de Jonas (irmão de Ravenna) que lutará ao lado do filho Anderson para mostrar ao povo de Alvorada não só a sujeira atrás da fachada limpinha que a família no Poder tenta manter, mas também o fato de que estão todos ali condenados à morte por sua própria prefeita. Juntará também ao lado heroico da batalha a prostituta Sabrina, que se envolveu com Jonas e que também por isso é perseguida mortalmente por Narcisa. E por último, mas nem um pouco menos importante, temos a feiticeira Rosea, que entra nessa luta após ter uma visão de um futuro possível onde a represa de fato se rompe e atinge a cidade e o povo.

Também há no time “mocinho” Marco e Vera, mas os personagens são tão desimportantes, desinteressantes e inúteis que não fazem nenhuma diferença no todo. Aliás, o quesito personagens está longe de ser o forte da obra, pois falta tridimensionalidade a todos eles. Funcionam bem na trama simplesmente porque são como peças de xadrez, tendo funções pré-determinadas. Por exemplo, Narcisa, que é aquele tipo que já vimos tanto da beata que, sem o amor pregado por Jesus Cristo, berra por onde vai os erros de cada um, mas que às escuras comete coisas muito piores. Um tipo de personagem simplesmente inserido ali e que faz seu trabalho para que a história vá do ponto A ao ponto B. Um maior cuidado com os personagens e poderíamos entende-los melhor, conhecer seus traumas ou compreender quais eventos motivaram seus comportamentos, além de seus dilemas atuais, que influenciarão em suas escolhas ao longo da trama.

Nem mesmo Ravenna, que essa sim tem todo seu estilo de vida questionado pela visita dos 3 espíritos, apresenta um drama real, e isso acaba sendo para a minissérie uma grandíssima fraqueza. Como o leitor pode comprar seu dilema se só o que vemos é uma figura caricata e cartunesca ocasionalmente tentando esconder as emoções ao se deparar com as visões que os espíritos lhe mostram? Não há um passado à mostra, um segredo guardado sendo remexido, um catalisador, nada!... Ravenna acaba sendo apenas uma figura que oscila entre ser uma boneca programada e ser uma boneca programada com emoções extras, até então não vistas por nós leitores. E era justamente nesse ponto que a obra não podia de forma alguma falhar.

Também é notável a quantidade muito grande de erros de pontuação, mas, principalmente, de erros ortográficos graves, que chegam ao ponto de comprometerem o entendimento da história. Aí não dá...

Mas, ao final saímos da obra de forma relativamente satisfeita, e isso muito em função daquilo que apontei sobre a estrutura redondinha da trama. Poderia ser melhor? Com toda a certeza. A obra de Charles Dickens merecia? Oh, e muito! É por isso que, indiretamente, fica aí a dica para que outros autores possam criar novas histórias com base nessa trama original, pois tenho certeza de que é uma excelente fonte para se beber artisticamente. Mas o principal: a obra consegue despedir de seus leitores em clima natalino? Olha, ao longo dos capítulos esse clima até é sentido, mas não ao final, infelizmente. Uma oportunidade perdida, mas que pode ser compensada pelos próprios leitores, se focarem no que a trama entregou anteriormente em termos de Natal. E imaginação aos mesmos não faltará.



Minissérie: Espíritos Natalinos

Autor: Felipe Borges

Episódios: 5

Emissora: TV Mix

Clique aqui para ler todos os episódios

Saiba mais sobre a minissérie


Mancebos, antes de finalizarmos, gostaria de relembrá-los do Trophy Ranable, premiação onde vocês decidem quem foram os melhores do ano em nosso site. Esse programa concorre na categoria Melhor Programa. Caso você goste do nosso trabalho, clique aqui e vote. Ou vote nos outros concorrentes, caso prefira eles. Mas não deixe de votar. Ah, e se perderam o programa passado, onde divulguei todos os indicados do Troféu Galáxia, clique aqui e veja agora mesmo, pois está imperdível!

Mas bem, meus queridos, como prometido, lhes direi onde estou. Nada mais, nada menos que no Polo Norte! E, se lembram das dicas do início, é claro que sabem com quem estou. E se aqui estou é por conta de um convite muito especial, o qual me deixou não só contente feito uma criança humana, mas também profundamente honrado. Dentro de algumas horas, quando vocês estiverem cheios e amolecidos, quando o sono pesar sobre suas pálpebras e a madrugada avançar, subirei junto ao meu anfitrião em seu trenó e visitaremos a casa de cada um. Não estranhe se algum X aparecer em algum presente... Será minha piscadela para você. 😉

Mas por hoje é isso, queridos. Amei estar aqui nessa noite tão importante para todos. Importante não por conta de comidas, bebidas e tudo o mais que fizerem, mas principalmente para que se lembrem do que deve ser praticado em todos os 365 dias do ano: o respeito ao próximo, ao mundo em que vivem, a empatia aos necessitados e o amor incondicional. Não apenas comemorem o nascimento do dito Salvador, mas também pratiquem aquilo tudo que, em vida, Ele lhes ensinou. Até domingo com o Troféu Galáxia!!!

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