Type Here to Get Search Results !

A Promessa - Capítulo 49 (Últimas semanas)


A Promessa
CAPÍTULO 49

webnovela de
FELIPE LIMA BORGES

escrita por
FELIPE LIMA BORGES

livre adaptação do livro de Rute

No capítulo anterior: Iago encontra a feiticeira e contrata seu serviço para relembrar o que aconteceu no dia da morte de Maya. Diana pede que Jurandir seja educado com Josias, mas ele diz que não precisa da ajuda de nenhum membro daquela família. Leila, Aylla, Noemi, Rute, Malom, Orfa e Quiliom janta em comemoração ao aniversário de Leila quando são surpreendidos pelo servo de Faruk, que captura Aylla e a leva para fora, para os braços e lâmina de Faruk. Malom se aproxima pelo outro lado e quebra um vaso na cabeça de Faruk, mas é atingido por uma flecha do servo e cai. Porém, consegue se levantar, proteger Aylla de um golpe de Faruk e matar o Sumo Sacerdote, que desaba aos pés da garota. O servo atira mais flechas, e Quiliom é atingido, mas consegue perseguir o servo e mata-lo. Fraco, Quiliom volta e cai ao lado do irmão. Malom lhe diz que foi uma honra lutar com ele. Quiliom observa a todos em volta, agradece e morre no colo de Orfa. Noemi chora compulsivamente entre os dois filhos mortos. Diana diz a Jurandir que Josias não é como o restante de sua família, e ele diz que a filha, antigamente, pensava o mesmo dos outros, até “que aconteceu o que aconteceu”. Josias conta a Boaz que só está vivo porque o irmão de Jurandir vingou a morte de seus parentes matando seu pai, e não demonstra esperança com o relacionamento com Diana. Tamires faz sua proposta a um homem aleatório da vila e ele aceita. Conturbada, Noemi não acredita no que aconteceu e se revolta com Deus. O ritual de Iago se estende por muito tempo, e as imagens voltam pouco a pouco. Por fim, todas as lembranças vêm à tona de uma só vez, e Iago acorda.

FADE IN:

CENA 1: INT. CASA DE BOAZ – QUARTO DE JOSIAS – NOITE

Deitado sem sono algum, e encarando o teto com um sorriso apaixonado, Josias pensa em Diana. Em seu rosto, seus cabelos, seus olhos, sua boca...
Ele sorri.

CENA 2: INT. HOSPEDARIA – QUARTO – NOITE

Deitada de lado em sua cama, e com olhar sério, Diana pensa no que aconteceu mais cedo. Josias na rua, olhando para ela, falando com ela, sorrindo...
Então ela também sorri.

CENA 3: EXT. DESERTO – DIA

A noite passa e um novo dia amanhece.
Às portas de uma caverna no deserto, Noemi, Rute, Orfa, Leila e Aylla estão ao redor dos corpos de Malom e Quiliom, cobertos até o pescoço por um pano branco.
Noemi, Rute e Orfa choram muito, e seus rostos estão marcados por olheiras. Dessas, Noemi é a que chora mais amargamente. Leila, chorosa, se aproxima mais e a abraça. Aylla, com lágrimas riscando seu rosto, se aproxima dos corpos.
AYLLA
Eu devo muito a muitas pessoas. E vocês dois... são uns desses. Que descansem em paz...
Ela soluça e chora mais.
LEILA
(olhando-os) A passagem de dois seres tão iluminados como eles... não é em vão. No que depender de mim... muitos saberão do vigor e da coragem dos dois.
Orfa se aproxima mais de Quiliom, se agacha e passa a mão carinhosamente pelo rosto dele.
ORFA
Me perdoe... Me perdoe, Quiliom... por não ter lhe dado descendência...
Chorando, Orfa se inclina e o beija demoradamente.
Depois, Rute se aproxima de Malom.
RUTE
(sussurrando) Eu sei que já agradeci antes... mas preciso fazer agora. Minha eterna gratidão... por ter surgido em minha vida com uma nova possibilidade... com uma segunda chance. Você foi... o amor... que eu sempre esperei... Não sei porque Deus... permitiu que nos separássemos... tão cedo... Já sinto a sua falta... Muito...
Rute o beija lentamente.
Noemi, abraçada por Leila, respira com dificuldade devido ao choro. Ela olha para o alto.
NOEMI
Por que eu?... Por que me deixastes aqui?...
Noemi então se solta dos braços de Leila e se aproxima devagar dos dois filhos. As noras a ajudam a se abaixar. Então ela se inclina, beija cada um e fica um bom tempo abraçada neles...
Algum tempo depois, uns homens contratados fecham a caverna.
Elas choram...
Por fim...
RUTE
Vamos, senhora Noemi. Vamos voltar todas juntas...
NOEMI
Não. Podem ir.
RUTE
Mas senho--
NOEMI
(interrompendo) Podem ir que eu vou depois. Vou ficar um pouco aqui.
Rute, pesarosa, faz que sim e volta com Orfa, Leila e Aylla.
ABERTURA

CENA 4: INT. CASA DE BOAZ – SALA – DIA

Postos à mesa, Tani e Boaz desjejuam. Josias desce a escada.
JOSIAS
Shalom!
BOAZ
Josias! Acordou cedo... Shalom!...
TANI
Shalom...
JOSIAS
Sinto um pouco de sarcasmo em sua fala, Boaz.
Boaz ri.
BOAZ
Uma pitada, talvez.
JOSIAS
Mas você tem razão. Demorei pegar no sono, estava...
BOAZ
(sorrindo) Estava?... Pensando?
Josias olha para Tani.
TANI
Eu já sei, Josias. Boaz me contou sobre a moça.
Josias ri.
JOSIAS
Pois é... Essa é a razão.
Boaz ri.
TANI
Sente-se, coma... Está tudo pronto.
JOSIAS
Ahn, eu agradeço, mas hoje vou desjejuar na hospedaria...
BOAZ
Hummm, na hospedaria, Tani...
TANI
De repente ela ficou interessante...
JOSIAS
Rum. Agradeço mesmo assim. (saindo) Vejo vocês no campo...
BOAZ
Até...
Josias sai.
TANI
Senhor Boaz, está tudo muito bom, a conversa está ótima, mas preciso ir. Há novas moças, começam hoje. Preciso orientá-las.
BOAZ
Certo... Logo estarei lá.
TANI
(sorrindo) Até logo.
Boaz faz que sim e Tani sai.

CENA 5: EXT. BELÉM – RUA – DIA

Josias está andando pela rua quando nota Neb por ali. Para e o chama.
JOSIAS
Neb! Neb!... Venha aqui... Venha...
Neb, meio contrariado, vai até Josias.
NEB
O que você quer?
JOSIAS
Que faça um serviço.
Neb aperta os olhos.
NEB
E... um serviço implica em um pagamento...
JOSIAS
Pagamento, Neb?!
NEB
Estarei tomando parte do meu tempo, em que eu podia estar vendendo meus produtos, para fazer algo que certamente beneficiará apenas a você. Então sim, preciso de um pagamento.
JOSIAS
Mas é rápido!...
NEB
Sem pagamento, sem serviço.
JOSIAS
Francamente, como pode ser assim?! Não faz um favor para os amigos!...
NEB
Amigos?... Rum, nós somos isso aí?
Josias o observa balançando a cabeça.
JOSIAS
Está bem, está bem! Eu te pago...
Josias pega uma moeda e entrega a Neb, que a confere bem. Satisfeito, a guarda.
NEB
Qual é o serviço?

CENA 6: EXT. BELÉM – PRAÇA – DIA

Tani chega na praça e nota uma movimentação atípica. Os belemitas assistem o Ancião discursar. À sua frente, um grupo de soldados com couraças avermelhadas está em posição, de frente para ele.
ANCIÃO
...uma nova medida que o conselho de anciães aprovou há algum tempo, apesar de ter mantido em sigilo por questões de segurança. Sendo mais claro... Trata-se de uma medida para combatermos, capturarmos e prendermos os homens do sórdido grupo autodenominado Caravana da Morte, que assola a Terra Prometida há muitos anos!
Tani está interessada.
ANCIÃO
(apontando o grupo de soldados diferentes) Esses homens, soldados valorosos, fieis ao nosso Deus e leais ao seu povo, passaram por um intenso treinamento, bastante diferente daquele pelo qual passam os soldados comuns, e com isso não estou desmerecendo esses, de forma alguma! Eles são necessários! Nossa cidade ficou incomparavelmente mais segura depois que chegaram. Mas esses homens aqui... foram testados de forma absolutamente rigorosa, e por isso estão aptos para tal missão. Povo de Belém, apresento a vocês, os Guardiões da Terra! Recebam-nos com uma salva de palmas!
Felizes, os belemitas, entre eles Tani, batem palma com vigor.
TANI
Agora sim...
ANCIÃO
Talvez não os vejam com frequência, já que a Caravana cresceu e se afastou da cidade. Mas oremos para que eles consigam eliminar esse mal com raiz e tudo!
Satisfeita, Tani sai para trabalhar.

CENA 7: EXT. BELÉM – RUA – DIA

Parado na rua, Josias aguarda ansiosamente.
Então Neb volta, se aproxima.
JOSIAS
E então?!
NEB
O homem está de saída. E a moça está desjejuando.
JOSIAS
Obrigado, Neb!
Josias sai imediatamente na direção de onde veio Neb, que o olha.
NEB
Rum.
Neb sai em outra direção.

CENA 8: INT. CASA DE LEILA – LOJA – DIA

Leila, Rute, Orfa e Aylla entram e param ali na entrada.
ORFA
Dizem que esse é o pior momento...
Fungando, Rute limpa os olhos.
ORFA
Jamais pensei que seria viúva tão cedo... E o pior: sem filhos... O que será de mim? O que será de nós?...
RUTE
(ainda limpando os olhos) A dor é muito grande... Como se uma bola de espinhos... crescesse em minhas entranhas... cada vez mais.
Chorosa, Aylla se aproxima, abraça Rute e acaricia seu cabelo.
RUTE
Obrigada, Aylla... Você é uma bênção.
Leila senta na escadinha da entrada e encara a rua.
LEILA
Deus deve ter Suas razões... para permitir tanto dor na vida de Noemi...
ORFA
Razões? Que razões seriam essas?...
Leila mexe a cabeça, sem saber o que dizer.
ORFA
Sempre justos... Sempre corretos... Sempre servos leais e obedientes, onde quer que estivessem!...
RUTE
Nós não entendemos tudo ainda, Orfa.
ORFA
Acha mesmo que não, Rute? Já se passaram 10 anos...
RUTE
Na verdade agora eu me arrependo... Eu poderia ter aprendido muito mais nesses 10 anos.
ORFA
Diga por você.
Rute olha para ela, mas não diz nada sobre isso. Então olha para a rua.
RUTE
Estou preocupada com Noemi... Para ela é muito pior... Eu vou voltar, vou atrás dela.
ORFA
É melhor não. Você a ouviu, ela quer ficar sozinha. Ela precisa desse momento, Rute.
LEILA
Orfa tem razão... Dê um tempo a ela.
Rute não vai e nem responde nada, mas fica ali, chorosa e preocupada com Noemi.

CENA 9: EXT. DESERTO – DIA

Noemi caminha pelo terreno árido arrastadamente... Seu olhar vazio mal assimila o caminho em que passa.
Em determinada altura, ela para, senta no chão e olha para o céu.
Começa a abrir a boca, tentando encontrar palavras...
NOEMI
Passar... a vida toda... acreditando em algo... foi uma característica de minha vida.
Ela está um tanto trêmula.
NOEMI
Desmoronar... a minha crença... foi terrível! Mas isso... isso...
Ela treme mais, como se fosse chorar.
NOEMI
Isso... Tirar meus dois filhos... me parece... requinte de crueldade!...
Noemi expira, como se chorasse... Está exausta, fraca...
NOEMI
Nenhuma mãe... deveria... sepultar um filho. Muito menos dois!...
Involuntariamente, ela respira rápido seguidas vezes.
Tendo se recuperado, volta a olhar para o céu.
NOEMI
O Senhor decidiu esmagar o meu espírito... Tirou de mim tudo o que eu tinha!... É isso... Deu certo... Finalmente eu sou nada!
Engole em seco, funga alto...
NOEMI
Como as cabras produzem leite e as abelhas mel... eu produzo lágrimas! Lágrimas de fel!
Noemi então leva as mãos ao chão, enche-as de terra, traz até sua cabeça e seu rosto... e despeja em si.
Repete isso diversas vezes enquanto grita chorando amargamente.
Sua cabeça, seu rosto, seus braços, seu corpo... estão completamento impregnados de terra.
Acabada, Noemi deita... e fica ali, parada, suja, com os olhos semicerrados e o brilho apagado.

CENA 10: EXT. HOSPEDARIA – DIA

No lado de fora da hospedaria, Josias, nervoso, se arruma. Ajeita as vestes, o cabelo, confere o bafo...
E finalmente entra.

CENA 11: INT. HOSPEDARIA – DIA

Ao entrar, logo ele localiza Diana em uma das mesas. Se aproxima. Ela o nota e sorri. Ele retribui.
DIANA
Josias?...
JOSIAS
Shalom, Diana.
DIANA
Shalom... Sente-se... Sente-se, por favor.
Josias faz que sim, se aproxima mais e senta de frente para ela. Sorriem...
JOSIAS
Ahn... Já desjejuou?
DIANA
Acabei de terminar...
JOSIAS
(para o dono atrás do balcão) O desjejum do dia, por favor!
O dono faz que sim. Josias olha para ela. Sorriem meio tímidos...
JOSIAS
E o seu pai?... É que eu sei que ele não gosta de mim, e eu não quero deixa-lo desapontado me vendo aqui com você...
DIANA
Josias... A raiva do meu pai não tem fundamento. Só porque você tem o mesmo sangue que as pessoas que ele não gosta...
JOSIAS
Eu quero conquistar o respeito do seu pai... e provar que sou um bom homem.
DIANA
Você não tem que se preocupar com o meu pai, Josias. Não tem que provar nada para ele.
JOSIAS
Mas eu quero, Diana.
Diana o olha, criando coragem para perguntar...
DIANA
Você... tem alguma... intenção específica com isso?
Josias pigarreia, se ajeita...
JOSIAS
O que eu que--
Josias para. Diana franze o cenho, interessada.
DIANA
O quê, Josias? Por que parou?...
Josias respira fundo e sorri suavemente.
JOSIAS
Nesses anos todos que passaram... Eu nunca imaginei que a veria novamente e... poderia dizer...
Diana o olha quase hipnotizada...
DIANA
O quê?...
JOSIAS
Eu quero me casar com você, Diana.
Diana sorri instantaneamente. Mas logo fica meio constrangida, olha para baixo, para os lados, se ajeita...
DIANA
Mas... Josias... Você nem sabe como eu estou...
Josias parece perder um pouco da animação.
JOSIAS
Há alguém... na sua vida?
Ela olha para ele e sorri.
DIANA
Não. Nesses 10 anos eu não me casei. Em parte, pelo medo que alguns moços tinham do meu pai... E em parte...
Ela não completa.
JOSIAS
Pode dizer, Diana.
DIANA
Em parte... porque...
JOSIAS
Diga... Eu não sou prepotente a ponto de achar que esperou todo esse tempo por mim...
Ela então o olha fixamente, a boca um tanto aberta...
DIANA
Na verdade... eu estou constrangida é... por dizer que é exatamente isso...
Josias sorri de orelha a orelha e ajeita a postura, feliz.
JOSIAS
É verdade isso, Diana?!
DIANA
(timidamente) Sim...
JOSIAS
Se for assim, eu também deveria estar constrangido!...
Diana sorri mais solta...
JOSIAS
Diana... (encarando-a fixamente) Eu... Eu te amo.
O olhar de Diana brilha.
DIANA
Eu também te amo, Josias!
Sorriem um para o outro.
JOSIAS
Vou precisar ter cuidado com o seu pai...
Então Josias ergue as mãos e segura as mãos dela. Se encaram apaixonados. Do outro lado do balcão, o dono percebe.

CENA 12: SONHO: DIVERSOS LUGARES

Estamos no sonho de Noemi...
Recém-casados, os jovens Noemi e Elimeleque correm felizes pelas ruas...
Grávida, com os olhos fechados e sentada escorada em uma árvore, Noemi aprecia o vento fresco em seu rosto. Até que Elimeleque chega ali, a beija, a abraça, acaricia a barriga dela e ficam juntos...
Mais tarde, Noemi, Elimeleque, Malom (3 anos) e Quiliom (2 anos) correm pelo campo. Felizes, eles riem e as crianças irradiam alegria e empolgação.
Depois Noemi deita na grama. Elimeleque deita ao seu lado e as duas crianças do outro. Feliz com sua família, ela os abraça e sorri para o céu. Elimeleque beija um lado de seu rosto, e os dois menininhos o outro lado... Ela fecha os olhos, sentindo-os...

CENA 13: EXT. DESERTO – DIA

Noemi está deitada. Não na grama, mas no deserto. Não limpa, mas impregnada de terra. Sozinha, adormecida, fraca...
Perto dali, em um terreno mais alto, Rute caminha à procura da sogra. Preocupada, olha para todos os lados.
RUTE
Noemi!!!
A voz ecoa.
RUTE
Senhora Noemi!!! Noemi!!!
Rute está muito preocupada com a falta de resposta. Até que nota, num lugar mais baixo, um vulto caído. Sai correndo na mesma hora.
Rute vem até Noemi e para derrapando.
RUTE
Senhora Noemi, senhora Noemi! Senhora Noemi, acorde, vamos, acorde! Noemi, acorde!
Rute chama e chacoalha Noemi, até que ela começa a acordar, confusa.
NOEMI
Malom... Quiliom... Meninos...
RUTE
Noemi... Senhora Noemi, sou eu...
NOEMI
Elimeleque, Elimeleque!...
Rute tenta levantar Noemi.
RUTE
Sou eu, senhora... Rute... Sente-se...
Noemi então parece voltar a si... Franze o cenho, olha para ela...
NOEMI
(decepcionada) Ah, você...
Rute fica preocupada, sem saber ao certo o que dizer... Apenas a ajuda a se levantar.
RUTE
Fiquei preocupada... E vim procura-la... O que aconteceu?...
NOEMI
Eu... vim chorar, apenas... e adormeci.
RUTE
Vamos para casa, senhora. Vamos juntas...
Noemi faz que sim e Rute a ajuda a se levantar. Enquanto Noemi recupera o equilíbrio, Rute limpa o cabelo da sogra e tira um pouco da terra da veste dela.
Depois Noemi olha para Rute, que sorri de forma encorajadora.
RUTE
Vamos.
De braços dados, as duas voltam devagarinho.

CENA 14: EXT. BELÉM – CAMPO – DIA

Debaixo de uma árvore, Tamires termina de ajeitar as vestes enquanto o homem que aceitou sua proposta amarra o cavalo.
TAMIRES
Não saia daqui. Conforme o nosso combinado.
HOMEM
Sim, senhora.
Tamires respira fundo e sai.

CENA 15: INT. CASA DE LEILA – LOJA – DIA

Na loja, Leila, Orfa e Aylla recebem Rute e Noemi, que entram. Aylla coloca uma cadeira para Noemi e Rute a guia até lá. Orfa traz água e ela bebe.
LEILA
Aceita um chá, Noemi? Eu peço que Aylla faça.
NOEMI
Não, não. Muito obrigada. Já está ótimo. Não se preocupem.
Nesse instante, um cavaleiro chega ali na frente e desce.
MENSAGEIRO
Mensagem para Noemi, de Tani em Belém.
NOEMI
A resposta de Tani... Peguem o pergaminho, por favor.
MENSAGEIRO
Dessa vez é uma mensagem de voz. Assim diz a remetente: “Minha querida amiga Noemi, Shalom! Como sempre, fiquei muito feliz com sua carta. Só é uma pena que não me escreve mais vezes por ano. Como você sabe, a prosperidade de Israel aumentou muito nos últimos tempos, mas a desse ano é absurda! Há pão em abundância, e não há terra mais farta que Belém em toda Israel! Por favor, amiga minha, considere retornar para casa, ou ao menos fazer uma visita alongada para que matemos a saudade que tanto aperta e rasga o nosso peito. Estou esperando com ansiedade reencontrar você! Se possível, traga seus filhos. Sei que são casados, mas tente convencer eles e suas esposas.”
Todos ali ficam constrangidos... Noemi permanece cabisbaixa.
MENSAGEIRO
“Espero que esteja bem. Aguardo sua próxima carta. De preferência, ainda nesse ano. Ou então a sua volta. Que Deus a abençoe e a proteja sempre! Com carinho, Tani. Shalom.”
NOEMI
Obrigada.
O mensageiro faz que sim.
MENSAGEIRO
A destinatária pretende enviar uma resposta?
NOEMI
Não, não... Pode ir. Obrigada.
O mensageiro faz uma reverência com a cabeça, monta no cavalo e sai.
LEILA
Que notícia maravilhosa sua amiga enviou, Noemi!...
Noemi se levanta.
NOEMI
Vou para minha casa.
LEILA
Noemi, espere... Calma, fique aqui com nós...
NOEMI
Não, obrigada, Leila. Preciso ir para minha casa.
RUTE
Eu a farei companhia até lá.
Noemi para e a olha um tanto irritada.
NOEMI
Quero ir sozinha.
Rute, levemente assustada, apenas a observa. Noemi então vira para frente e vai embora.
ORFA
(para Rute) Eu avisei.
Rute aperta os lábios.

CENA 16: EXT. BELÉM – ARREDORES – DIA

Tamires se aproxima do portão da cidade. Ao vê-la, e talvez reconhece-la, ou ao menos suspeitarem, os guardas da entrada da cidade sacam suas espadas e as apontam para frente.
GUARDA
Alto lá!
Tamires levanta os braços e continua a se aproximar devagar.

CENA 17: EXT. VILA – DIA

Segurando um vaso, Segismundo passa pelas pessoas e se aproxima de um poço, atrás das casas.
Chegando ali, coloca o vaso na mureta redonda e puxa a corda do poço para que o balde cheio de água venha lá de baixo. Ele continua a puxar, e a puxar, e a puxar...
Até que o balde finalmente aparece. Segismundo então estica o braço para pegá-lo, mas dá um pulo! Quase cai para trás. Nesse momento, Iago chega ali.
IAGO
Segismundo... Mal volto de viagem e você já pula de alegria!
Segismundo olha assustado para ele.
SEGISMUNDO
Iago?!... Você...
IAGO
Voltei. Mas me diga, por que está assim?
SEGISMUNDO
Ali, no balde... Eu vi... Há... uma cabeça ali.
IAGO
Quê?! Cabeça?!
SEGISMUNDO
Pois olhe aí, Iago!
Iago franze o cenho e se aproxima devagar. Estica o braço e vira o balde levemente... uma cabeça masculina está ali dentro.
IAGO
Nossa... Você o conhece?
Segismundo se aproxima e olha.
SEGISMUNDO
Zrág! Nosso melhor arqueiro...
Iago solta o balde. Com semblante preocupado, olha para Segismundo... IMAGEM CONGELA
CONTINUA...
FADE OUT:

No próximo capítulo: Tamires é levada ao Ancião e Leila faz uma grande revelação a Noemi.


Postar um comentário

0 Comentários
* Please Don't Spam Here. All the Comments are Reviewed by Admin.