Type Here to Get Search Results !

A Promessa - Capítulo 64 (Penúltimo Capítulo)




A Promessa
CAPÍTULO 64
Penúltimo Capítulo


webnovela de
FELIPE LIMA BORGES

escrita por
FELIPE LIMA BORGES

livre adaptação do livro de Rute


No capítulo anterior: Rute diz a Boaz quem ela é e pede que ele estenda sua capa, pois é remidor. Ele aceita, pergunta se ela quer que ele a redima, ao que ela diz que sim, e fala sobre o remidor mais próximo; vai resolver no dia seguinte. Rute dorme ali, ao lado de Boaz. O Ancião tem um sonho em que de Rute sai uma bola de luz que sobe no ar, e dessa, outra bola surge e o processo se repete; a última bola ilumina toda a Terra. Na alvorada, Boaz acorda Rute e diz que é bom que ela vá. Ela lhe pergunta se ele quer mesmo redimi-la, e ele declara seu amor por ela. Rute volta para casa com seis medidas de cevada, e Noemi glorifica a Deus. Diz à nora para esperar, pois Boaz resolverá o negócio. Com a possibilidade de Noemi denunciar Tamires, e essa aceitar um acordo e denunciar a localização da Caravana, Segismundo e seus homens se preparam para ir a Belém matar Noemi. Enquanto enche odres no riacho, Besta Louca é surpreendido pelo Assassino, que o amarra no cavalo; Besta Louca é arrastado e violentamente morto. A Caravana parte sem ele. Junto ao Ancião e a dez anciães estão Noemi, Tani, Josias, Rute e Boaz. Esse chama Neb e diz que é dele o direito e dever de redimir. Tamires se despede de Abimael para ir assistir a morte de Noemi. Empolgado com a oportunidade, Neb aceita redimir, mas Boaz diz que, junto ao campo, ele também tomará a mão de Rute. Então Neb tem uma crise de espirros e passa mal. Após beber água, ele recusa redimir com a justificativa de que sua herança estaria dividida e entrega sua sandália a Boaz, que diz a todos ali que são testemunhas que ele toma tudo da mão de Noemi, e que se casará com Rute a fim de que o nome de Malom seja sempre lembrado; todos dizem que são testemunhas. Felizes, Rute e Boaz são abençoados pelo Ancião. Noemi diz ao casal que agora poderão pensar no casamento.
FADE IN:

CENA 1: EXT. BELÉM – PRAÇA – DIA

Enquanto Rute, Boaz, Noemi, Tani e Josias estão felizes pelo resultado, o Ancião está de saída com os dez anciães. Mas para ao notar Neb sozinho, afastado de todos, cabisbaixo e com a mão na garganta. Observa-o por uns instantes...
Tocado pela cena, o Ancião faz sinal para os companheiros e se aproxima de Neb, que o olha curioso.
ANCIÃO
Neb... Está tudo bem?
Neb força um sorrisinho e faz que sim.
NEB
Sim, sim, senhor. Tudo bem.
E sai. Por alguns segundos o Ancião o observa se afastar pela praça... Então fala.
ANCIÃO
Até quando você quer levar essa vida?
Neb para. O Ancião o observa, esperando... Então Neb vira para ele.

CENA 2: INT. BELÉM - TEMPLO – PÁTIO – DIA

Vários anciães estão no pátio belemita. Andam, trabalham, escrevem, compõem, leem... Lado a lado, o Ancião e Neb caminham bem devagar por ali.
ANCIÃO
Agradeço por ter aceitado vir até aqui, Neb.
NEB
(fazendo que sim) Tudo bem, senhor. É um prazer... Nunca havia entrado aqui. Parece um mundo à parte da cidade.
ANCIÃO
Um mundo à parte trabalhando pela cidade. Pelo elo entre Deus e o povo.
Neb faz que sim sorrindo.
ANCIÃO
E então, meu filho? Eu notei o seu jeito lá na praça... Ficou assim por causa do caso?
Neb dá uma olhada para o Ancião, e continua normalmente.
NEB
Não... Na verdade, não. (respira fundo) Demorou, senhor, mas eu finalmente senti o sabor do desprezo.
ANCIÃO
Ora, então não tem a ver? Foi por não poder mais pisar na terra que recusou redimir?
NEB
Não, isso já é previsto pela lei, não é desprezo.
Continuam caminhando, e o Ancião o observa com atenção.
NEB
O desprezo que senti foi do povo.
ANCIÃO
Neb... Não se ofenda, vamos usar apenas a verdade... A verdade é que mais cedo ou mais tarde, o salário do pecado chega.
NEB
(um tanto aflito) Estou perdido... Não tenho mais o que fazer. Nem ir embora, pois não tenho expectativa em outros lugares.
O Ancião o olha com doçura.
ANCIÃO
Neb... É para essas pessoas que Deus está de braços abertos. Para que os pecadores se arrependam e voltem para Ele.
Neb para de andar.
NEB
(conturbado) Não, não dá... Não dá mais, senhor. Fiz coisas terríveis aos olhos de Deus. Roubei, trapaceei... levei vantagem injustamente... Fui rude, grosseiro com meus irmãos...
ANCIÃO
(paciente) Neb. Há tanta coisa pior...
NEB
Mas que não isentam essas, e o senhor sabe. Mas tem mais... Eu forniquei, senhor. Me deitei com mulher sem estar casado...
ANCIÃO
Ainda assim, Neb.
NEB
(ciente da gravidade) Eu gostei, senhor! Foi mais de uma vez e eu senti prazer em fazer isso!
ANCIÃO
Neb, diga-me... Quantas vezes na sua vida você reconheceu Deus como está fazendo agora?
Neb não pensa muito.
NEB
Nenhuma.
ANCIÃO
Pois bem. Essa é a chance da sua vida! A chance de mudar tudo, de se transformar e ter uma nova vida.
Neb olha para o Ancião.
NEB
O senhor... acha que isso é possível?
Sorrindo docemente, o Ancião faz que sim.
ANCIÃO
Basta você querer, e fazer de um puro e sincero coração.
Neb parece muito interessado com a oportunidade...
NEB
E... como eu posso começar isso?
ANCIÃO
Você começou. Deu o primeiro passo, que é se arrepender. Agora pode ir pedir perdão a todos que julga necessário pedir.
Neb, com um sorriso nascendo, faz que sim mais energicamente.
NEB
Farei isso mesmo.
Feliz por Neb, o Ancião sorri.
NEB
Começarei pelo dono da hospedaria, com quem tenho uma rixa antiga.
ANCIÃO
Neb, mas preste atenção: não desista desse propósito! Se você tiver fé, nada lhe será impossível, tudo poderá alcançar. Mas precisa ter essa fé guardada no coração. E aí... até os montes poderá transportar.
Contente, Neb faz que sim.
ANCIÃO
A essa hora da manhã o dono da hospedaria vai colher frutas em seu pomar. Só de falar isso já fico com vontade de tomar os sucos de lá...
Eles riem.
ANCIÃO
Mas enfim. Você pode encontra-lo por lá. E não haverá muita gente, poderão conversar tranquilamente.
NEB
Sim. Eu sei onde fica, vou agora mesmo! Muito, muito, mas muito obrigado, senhor! Abriu minha mente, me fez enxergar o que meus olhos não conseguiam ver... Que Deus o abençoe!
ANCIÃO
Amém, meu filho. Amém.
Neb faz uma reverência com a cabeça e sai. Perto dali, atrás de um pilar, o Comandante observa o Ancião, que então vira para ele e faz sinal chamando-o; o Comandante se aproxima.
COMANDANTE
Senhor?
ANCIÃO
Já está na hora. Estão prontos?
COMANDANTE
Sim, senhor. Tudo pronto.
ANCIÃO
Pois então vamos.
Eles saem.
ABERTURA

CENA 3: EXT. BELÉM – PRAÇA – DIA

Noemi, Rute, Boaz, Josias e Tani estão muito felizes ali na praça.
BOAZ
Finalmente encontrei a mulher virtuosa!
TANI
E Rute poderá ser feliz novamente!
NOEMI
Louvado seja o Senhor!
Todos sorridentes.
NOEMI
Bom, estou muito contente, a conversa está maravilhosa, mas agora vou dar uma volta, espairecer um pouco no campo. Shalom!
TODOS
Shalom.
Noemi sai. Enquanto caminha pela praça, nota o Ancião, passa encarando-o nos olhos e continua.
JOSIAS
E eu vou mexer nos preparativos para essa noite de festa. Vejo vocês mais tarde.
Josias sai.
TANI
E eu vou arrumar a casa, senhor Boaz. Shalom.
BOAZ, RUTE
Shalom, Tani.
Tani sorri para eles e sai. Ficam ali Rute e Boaz, sorrindo um para o outro.
BOAZ
Grande dia...
Rute faz que sim.
RUTE
Abençoado dia.
BOAZ
O nosso dia.
RUTE
(gostando) O nosso dia. Boaz... Não sabe como fiquei aliviada quando tudo se resolveu... Quando o contrato se firmou.
BOAZ
É da vontade de Deus a nossa união, Rute. Agora está confirmado.
RUTE
E por isso eu estou pulando de alegria por dentro!
Boaz sorri com isso.
BOAZ
Ouvir sua voz... é como ouvir uma música... (pequena pausa) Eu te amo, Rute.
O rosto de Rute enrubesce e ela o encara com brilho no olhar.
RUTE
Eu... Eu também te amo, Boaz.
Eles sorriem de orelha a orelha e pegam as mãos um do outro.

CENA 4: INT. PALÁCIO – SALA DO TRONO – DIA

O Capitão está diante do trono de Zylom.
ZYLOM
É inacreditável. Um ultraje! E eu tenho que me contentar com isso!
O Capitão permanece calado.
ZYLOM
Assassinam o Sumo Sacerdote de Moabe e morrem impunes! Rute, que deveria pagar pelo crime, consegue fugir!
CAPITÃO
Senhor, perdão, mas o caso é complexo--
ZYLOM
(interrompendo, ficando de pé) Não interessa!!! A verdade é que houve incompetência! Apenas isso, incompetência! Rute deveria estar aqui, pagando, e não solta por sabe-se lá onde! Incompetência de todos! Não conseguiram nada!!!
Frustrado, Zylom senta no trono.
ZYLOM
Você tem certeza que vasculhou toda a casa dessa Leila? Não deixou passar nenhum compartimento? Não sei o que faria se descobrisse que ela está escondida aqui mesmo, embaixo de nossos narizes!
CAPITÃO
Eu pessoalmente vasculhei tudo, soberano. Na casa só há Leila e sua filha.
ZYLOM
Rum.
Zylom, raivoso, fica pensativo. Mas então parece notar algo... estranha... franze o cenho... e olha para o Capitão.
ZYLOM
Você mencionou... filha?
CAPITÃO
Sim, meu senhor.
LEILA
Qual o nome dela?
CAPITÃO
Perdoe-me, rei, mas eu não sei lhe dizer.
ZYLOM
Qual a idade?!
CAPITÃO
Aparenta ter entre... 16 e 18.
Imediatamente Zylom põe-se de pé.
ZYLOM
Vá agora mesmo até lá! Imediatamente!
CAPITÃO
Qual é a missão, senhor?
ZYLOM
Saber o nome dessa garota.
O Capitão faz uma reverência com a cabeça e sai. Ansioso, Zylom o observa se afastar.

CENA 5: EXT. CASA DE LEILA – RUA – DIA

Em frente à loja de Leila, o Capitão conversa com o vizinho dela.
CAPITÃO
Diga de uma vez. Qual o nome da filha da sua vizinha Leila?
O homem olha do Capitão para a loja e de volta para o Capitão.
VIZINHO
É Aylla, meu senhor.
O Capitão parece levemente surpreso. Mantendo a postura militar, faz que sim e vira. Encara Leila e Aylla ali dentro da loja, que também o olham... e então sai. Mãe e filha se entreolham preocupadas e olham para o vizinho, que volta imediatamente para sua casa.

CENA 6: INT. PALÁCIO – SALA DO TRONO – DIA

CAPITÃO
Aylla.
Zylom fica de pé bruscamente.
ZYLOM
MALDITAS!!!
O Capitão mantém a postura.
ZYLOM
Malditas, mil vezes malditas!!! Me ludibriaram... bem embaixo do meu nariz!!!
CAPITÃO
Senhor, acalme-se... Isso pode não ajudar...
ZYLOM
(ignorando-o) É isso! Foi por isso que Faruk foi até lá! Esse era o motivo de sua presença! O Sumo Sacerdote deve ter descoberto que Rute e Orfa sequestraram Aylla e deve ter ido conferir isso!
CAPITÃO
Mas senhor... Se fosse assim, Faruk poderia ter lhe comunicado. É ainda tudo muito nebuloso...
ZYLOM
É por isso que precisamos arrancar o paradeiro de Rute daquela maldita Orfa!

CENA 7: EXT. BELÉM – ARREDORES – DIA

Enquanto prepara, junto a outros belemitas, as coisas da segunda noite de festa, Josias observa, um pouco distante dali, Neb e o dono conversando no pomar desse. Perto disso, no pomar público, Diana apanha frutas do chão enquanto Jurandir a segue, tentando falar com ela. Dali, Josias não ouve nada.
JURANDIR
Diana, você é minha filha! Me deve satisfação!
Diana não olha para o pai, apenas continua a pegar as frutas.
DIANA
Não sou mais sua filha. Já disse.
JURANDIR
Como ousa?!
Então ela olha para ele com olhar seríssimo.
DIANA
Vai me agredir também?
Jurandir, confuso e atrapalhado, encara a filha por alguns instantes.
JURANDIR
É claro que não! Não diga besteiras.
DIANA
Então me deixe em paz.
Perto dali, Neb acompanha o dono colhendo as frutas das árvores.
NEB
Senhor, é verdadeiro o meu arrependimento! Quero me desculpar com o senhor!
DONO
(colhendo) Não quero ouvir você, Neb! Da sua boca só saem mentiras, palavras de trapaça! E, se quer mesmo compensar todo o mal que me fez, então por que não seja com dinheiro? Ou por que não trabalha de graça para mim, ahn?! Isso você não quer, não é?!
Então Neb arranca uma bela fruta que o dono não notou e a oferece para ele.
NEB
Na verdade eu posso fazer isso sim.
O dono o olha surpreso, não esperava por essa resposta, e nem pela bela fruta que Neb lhe estende. Pega-a mas, nesse instante, ouve um barulho estranho... Ambos olham e, de entre as árvores, vários homens com vestes estranhas surgem e se aproximam rapidamente: mercados de escravos.
MERCADOR 1
Vejam, os belemitas. Podemos achar bons potenciais aqui.
Os homens sorriem satisfeitos e avançam. Jurandir, ao percebê-los, tenta proteger Diana ficando na frente dela.
JURANDIR
Fique atrás de mim, Diana! São mercadores de escravos!
Diana, confusa e assustada, olha para os homens se aproximando.
MERCADOR 1
(apontando Jurandir) Podem pegar aquele e (apontando Neb) aquele outro. (apontando o dono) O velho também. Está forte, vai servir ainda.
Os outros mercadores avançam.
MERCADOR 1
(apontando Diana) E ela. Estamos precisando de um novo alívio. Peguem-na também!
De longe, Josias nota a movimentação esquisita. Então saca sua espada e corre, corre o mais rápido que pode até lá!
Os mercadores dão um soco em Jurandir e o seguram. Outro pega Diana. Neb e o dono são segurados por mais outros. Raivoso e com a espada na mão, Josias vem à toda velocidade. Quando o mercador que segura Diana olha, Josias salta e mete-lhe um chute no peito; o homem voa para trás. Josias rola e põe-se de pé.
JOSIAS
Diana, corra! Vá!
Diana corre dali, mas para atrás de uma árvore, observando assustada. Jurandir tenta resistir, mas vai sendo levado. Mais perto de Josias, o dono e Neb se debatem em vão.
Então Josias segura firme sua espada e desfere um corte na costa de um mercador, que cai gritando. O outro, antes que possa reagir, é atingido no rosto pelo punhal da espada e cai com a mão no nariz. Josias desfere um golpe que corta a veste e o peito do terceiro mercador. Então corre até os homens que carregam Jurandir. Um o solta e, sem arma, tenta lutar com Josias, mas é derrotado ao ter o braço torcido e cair gritando de dor. Com facilidade, Josias chuta e soca os outros, liberando assim Jurandir. Nesse tempo, outros mercadores aparecem ali armados e voltam a segurar Neb e o dono.
JOSIAS
(para Jurandir) Corra, senhor!
Jurandir corre dali. Outros chegam e Josias os enfrenta à espada...
Mas são muitos. Logo um aproveita e mete-lhe o chute no peito; Josias é jogado para trás, bate em uma árvore e cai fraco.
Neb tenta se soltar com um movimento, mas leva um soco no nariz. Os mercadores agarram ele e o dono e, junto aos feridos por Josias, os leva para longe rapidamente. Caído ao pé da árvore, Josias os nota se distanciar. Então ele faz um tremendo esforço e põe-se de pé.
DIANA
(atrás da árvore) Josias!...
Josias olha para ela... e olha para eles indo embora... e corre atrás. Corre, corre, corre com a espada na mão! Mas um barulho agudo e TÁ! Uma flecha é cravada numa árvore ao seu lado. Ele olha bem para frente e vê dois mercadores arqueiros, em cima de carroças, apontando flechas para ele. Josias não corre. Os homens então amarram os pulsos de Neb e do dono... E as carroças começam a ir embora. O tempo todo, os arqueiros não abaixam seus arcos na direção de Josias, que é obrigado a apenas observá-los se distanciar.
JOSIAS
(com raiva) AAAHHH!!!
Josias volta para onde estão Diana e Jurandir, assustados. Aproxima-se... Olha Jurandir nos olhos... e para ali. Olha para Diana...
JOSIAS
Você está bem?
Diana, confusa, engole em seco e faz que sim.
JOSIAS
O senhor... Está bem?...
Jurandir o encara. Por alguns instantes, apenas o encara.
Finalmente olha para a filha... e de volta para Josias. De repente, ele agarra o pescoço de Josias e o abraça, apoiando a cabeça no ombro do rapaz. Diana, antes preocupada, observa surpresa e confusa. Josias, sem entender, leva devagar as mãos à costa de Jurandir e também o abraça.
Jurandir desaba a chorar.
Josias e Diana confusos...

CENA 8: EXT. BELÉM – CAMPOS – DIA

Ali no campo não há ninguém a não ser Noemi, e as árvores estão anormalmente silenciosas. Ela caminha cantarolando devagar e baixo, sabe bem o que está acontecendo ali, pode sentir no ar. No entanto, como se tudo estivesse bem, Noemi pega uma fruta, coloca-a na cesta e continua a andar simulando um dia comum. Olha devagar para os lados conforme anda...
De repente, de todos os lados, os homens da Caravana surgem por entre as árvores e folhagens, todos apontando suas espadas. Noemi olha ao redor... Está cercada por eles. Segismundo e Gael vem de frente para ela. À sua esquerda, Tamires também aparece com os guardas que, nesse mesmo instante, se assustam com a presença da Caravana.
GUARDA 1
Ei!...
GUARDA 2
Quem são esses?!
O guarda 2 é atingido por uma flecha certeira e cai. O outro saca sua espada, mas também é acertado e desaba. Tamires, indiferente a eles, olha para Noemi (assustada com isso), e sorri.
Noemi não esperava que Tamires fosse estar ali. Olha para Segismundo, que mantém a espada apontada. Tamires se aproxima devagar.
TAMIRES
Não temos mais nada a falar. Apenas saiba que perdeu, e morrerá.
Segismundo então vem para cima, a espada pronta para golpear Noemi! Nesse instante, outro barulho estranho e, de um lado, atrás de alguns da Caravana, surgem soldados comuns e membros dos Guardiões da Terra, todos apontando espadas e flechas!
COMANDANTE
Parados!!! Todos, parados!!!
Ao notar os soldados, todos os homens da Caravana se dispersam e correm, inclusive Tamires. Um arqueiro atira contra eles, e vai atrás. Noemi, um tanto assustada pela iminência do golpe de Segismundo, observa os soldados também se espalhando atrás da Caravana. Um deles vem até ela para protege-la.
Alguns da Caravana saem de entre as árvores e correm pelo campo aberto, mas logo são alcançados e cercados pelos soldados. Em outros lados, arqueiros da Caravana tentam atirar para trás, mas em vão. Os soldados arqueiros atiram neles, que caem mortos.
Em outro ponto, Gael corre, corre muito. Olha sempre para trás, aparentemente não há ninguém perseguindo-o. Consegue fugir pelos campos e some.
Em outro lugar, Iago luta com soldados. Bate em um, soca outro, desvia, mete o soco, desarma, agarra dois, joga-os no chão e corre! Também consegue fugir ileso.
Desesperados, Segismundo e Tamires correm pelo lado de fora de Belém, paralelos à muralha. Próximos do portão, eles notam mais soldados vindo de encontro, e são obrigados a entrar na cidade.

CENA 9: EXT. BELÉM – RUAS – DIA

Os belemitas se assustam com os dois passando correndo por entre eles.
TAMIRES
Não devíamos ter vindo por aqui!
SEGISMUNDO
Agora já é tarde! Corra!
Então eles empurram umas pessoas e invadem uma casa.

CENA 10: INT. BELÉM – CASA INVADIDA – DIA

Rapidamente os dois tomam direções diferentes ali dentro e cada entra em um cômodo.
Tamires se abaixa, entra embaixo de uma mesa, puxa alguns móveis para escondê-la e, assustada, ouve atentamente os barulhos.
Segismundo não consegue um lugar a tempo. Ao ouvir o barulho de alguém entrando na casa, ele pula para trás de uma porta. Momentos de tensão... Estão nos outros cômodos, passam pela casa, falam coisas que não dá para se entender... Ansioso, Segismundo não aguenta, sai do cômodo e corre.
Chegando em uma janela, ele passa por ela e cai numa escada lateral; sobe-a e sai na laje da casa.

CENA 11: EXT. BELÉM – CASAS - DIA

Ali em cima ele nota vários soldados sobre as casas nos arredores.
SEGISMUNDO
Maldição!
Ele pega uma espécie de lança decorativa que encontra, joga-a em um soldado na casa ao lado e tenta fugir pulando para outra laje vazia. Todos os soldados o notam e começam a se aproximar pelas casas vizinhas. A população lá embaixo assiste apreensiva.
Encurralado de um lado, Segismundo desvia e pula para outra casa. Assustado, desequilibra, olha para trás e continua a correr. Fazendo todo o esforço para fugir, pula para outra laje.
De longe, um arqueiro o mira e atira. A flecha vem a toda velocidade e acerta Segismundo, correndo, de raspão. Ele tropeça e cai na laje. Se esforça para se levantar, mas não consegue. Rapidamente os soldados, pulando de casa em casa, se aproximam e chegam ali, apontando espadas e flechas para ele. O Comandante vai até Segismundo caído e o levanta. Outros dois soldados amarram seus punhos.
COMANDANTE
A mulher! Tamires! Onde ela está?!
Segismundo encara o Comandante.

CENA 12: EXT. BELÉM – RUA – DIA

Segismundo, preso por soldados, vê outros trazendo Tamires, se debatendo, até eles.
SEGISMUNDO
(para Tamires) Eu não cairia sozinho.
Tamires o encara com tremendo ódio.
TAMIRES
Maldito! Segismundo, seu imbecil! Seu maldito!!!
O Comandante faz sinal e os soldados levam Segismundo e Tamires.

CENA 13: EXT. MOABE – MURALHA – DIA

Um soldado moabita caminha tranquilamente pela muralha, é só mais um dia qualquer.
Parece só mais um dia qualquer, pois nesse instante ele houve um barulho. Um barulho muito esquisito... Olha para a cidade, não vê nada. Nas ruas, apenas a população caminhando normalmente. Então olha para os campos ao redor... e franze o cenho. O barulho vem dali.
Ele se aproxima do guarda-corpo da muralha e observa assustado: uma massa escura começa a surgir ao longo da linha do horizonte, por entre os montes e montanhas ao redor. Uma massa escura que vai se aproximando e crescendo. Mas ela não para de surgir, pois vem de todos os lados.
O soldado então olha para as distâncias laterais, e a mesma massa escura está surgindo, aumentando e se aproximando mais e mais. Desesperado, ele sobe uma escada que há ali e observa. Finalmente distingue: são homens! Não, um exército! Um exército incontável! Um exército de tamanho inimaginável que surge não só de um lado, mas de todos os lados de Moabe! Saem das fendas das rochas distantes do horizonte e correm, correm aos gritos! Os olhos arregalados do soldado moabita contemplam a massa incontável de homens cercando Moabe como formigas cercando um formigueiro!
Imediatamente as trombetas são tocadas e o som ecoa pela cidade...

CENA 14: INT. PALÁCIO – SALA DO TRONO – DIA

Zylom, em seu trono, sai de seus pensamentos e olha para o soldado que se aproxima rapidamente.
ZYLOM
Como ousa entrar sem ser anunciado, soldado?!
SOLDADO
(chegando ali) Senhor, queira me perdoar, mas é urgente! Um exército!... Um exército incontável, um exército interminável está se aproximando rapidamente da cidade! São muitos homens, mais do que os de qualquer história fantástica! São tantos homens que parecem brotar da terra, senhor! Estão vindo de todos os lados do horizonte!
Aflito, Zylom se levanta.
ZYLOM
O quê?!...
Nesse instante, outro soldado invade a sala do trono e corre até ali.
SOLDADO 2
Senhor! Senhor!... Os amorreus! Os amorreus estão vindo, senhor! Os amorreus estão vindo!
Aflito, Zylom encara o nada... Rapidamente quebra o choque e olha para os soldados.
ZYLOM
Chamem o Capitão!!!
O outro soldado corre, e logo retorna com o Capitão.
CAPITÃO
Quais são as ordens para o exército, senhor?! Os amorreus estão à nossa porta com um exército inimaginavelmente maior!
ZYLOM
Traga-me Aylla!
CAPITÃO
O quê?!
ZYLOM
VOCÊ OUVIU!!!
O Capitão o encara assustado e confuso.
ZYLOM
Traga-me Aylla imediatamente!!! Se Faruk acreditava tanto no poder em potencial dessa garota, então ela ainda servirá! Vou sacrificá-la e os deuses nos salvarão!
O Capitão faz que sim e sai correndo. Aflito, Zylom senta na ponta de seu trono.

CENA 15: INT. CASA DE LEILA – LOJA – DIA

Leila e Aylla, à porta da loja, falam sobre as trombetas que soaram.
LEILA
Não sei não, Aylla. Isso não é bom sinal.
AYLLA
Não é um... prenúncio de guerra?
Leila a olha com preocupação. De repente, alguém vem correndo lá de cima: Myra, sem disfarce, mas nas vestes de Sumo Sacerdotisa. Chega ali e entra puxando-as para dentro.
LEILA
Myra, mas o que é isso?!
MYRA
Leila! Aylla!... Aylla!... (respira)
AYLLA
O que é isso, senhora Myra?! O que aconteceu?! Por que está assim?!
Myra se recupera.
MYRA
Escutem!... Escutem... Os amorreus... Os amorreus estão vindo.
Leila e Aylla, preocupadas, se entreolham.
MYRA
E o rei... O rei ordenou que soldados te buscassem, Aylla. O rei... quer sacrificá-la em emergência.
O semblante de Aylla começa a mudar para extrema aflição.
LEILA
Mas como assim?! Como o rei soube dela?! Por que ela???!!!
Aylla começa a chorar de pavor.
AYLLA
Mãe!... Mãe... Será que eu nunca vou ter paz?!
LEILA
(abraçando-a) Minha filha!
MYRA
Vim assim que soube para podermos tentar escapar! Vamos, vamos tentar ir para outro lugar!
Myra as puxa, mas é obrigada a parar: o Capitão e três soldados chegam ali e entram apontando suas espadas.
Leila abraça Aylla como que protegendo-a, e Myra se coloca na frente delas.
CAPITÃO
Peguem a garota.
Os soldados avançam, tiram Myra do caminho e puxam Aylla dos braços de Leila, que grita tentando impedi-los. O Capitão observa com tranquilidade. Os homens então jogam Leila no chão e arrastam Aylla.
AYLLA
Não!!! Me soltem, me larguem!!! Me soltem!!!
Myra tenta avançar contra, mas um deles a empurra com força em uma prateleira e ela cai.
CAPITÃO
Vamos.
O Capitão e os soldados saem arrastando Aylla, que grita desesperada. IMAGEM CONGELA
CONTINUA...
FADE OUT:


No último capítulo: O exército amorreu invade Moabe. Aylla é levada ao palácio para ser sacrificada. Iago tem um plano para resgatar Segismundo. No perigo, Orfa se lembra do que Quiliom lhe havia dito. Neb e o dono da hospedaria são levados como escravos. Os confrontos finais e o destino da amizade de Rute e Noemi! As fortes, eletrizantes e últimas emoções de A Promessa!

Postar um comentário

0 Comentários
* Please Don't Spam Here. All the Comments are Reviewed by Admin.