2°
Capítulo – Boatos
(CENA
1 – Manhã / Rádio 94.7
FM – Escritório de Oscar | 4º Andar)
JOANA
- Como pôde fazer isso comigo? Mentiroso! – ela diz enquanto tentava soltar seu
pulso. Cíntia, ao perceber o que estava havendo, arruma suas roupas e passa
correndo por onde Oscar e Joana estavam.
RAQUEL
– Aonde pensa que vai? – Raquel percebe Cíntia tentando sair e a segura pelo o
pulso, quando a mesma estava quase saindo pela a porta. Cíntia olha para trás,
as duas se encaram odiosamente, mas ela consegue se soltar. Ela vai embora.
JOANA
– Eu tinha toda a minha confiança em você! – ela grita em meio ao seu choro.
Ela se solta de Oscar e começa a andar pelo o seu escritório. Ela colidia com
tudo o que estava em sua frente enquanto chorava. – Eu depositei tudo o que eu
podia em você. Lhe depositei o meu carinho, minha paixão, TUDO! – ela deita as
suas costas na parede e vai deslizando devagar até o chão.
OSCAR
– Me deu tudo menos prazer! – Raquel olha imediatamente para Oscar com cara de
desprezo enquanto ele humilhava Joana que estava em posição fetal. Indignada,
ela decide intervir.
RAQUEL
– Por quê a trata dessa maneira tão desumana? – ela dá um passo confiante a
frente.
OSCAR
– E quem é você? – ele pergunta debochando.
RAQUEL
– Sou Ana Raquel Hoffman e não vou lhe dar o direito de tratar assim à essa
mulher. – ela diz confiante.
OSCAR
– Ana Raquel Hoffman? – ele imediatamente se lembra da família falsa que deu ao
bebê da sua irmã Ana Paula.
RAQUEL
– Sim, esse é o meu nome e por incrível que pareça eu vim aqui à procura de
trabalho, mas jamais aceitaria trabalhar se soubesse que é no mesmo local que
tem um “homem” como você. – ela diz indignada e ajuda Joana, que ainda chorava,
a se levantar. – Joana, vamos sair daqui. Não merece ficar em um lugar que não
lhe tratam como devem tratar. – as duas vão até a porta.
OSCAR
– Isso mesmo, vão embora daqui! – ele grita, mas as duas o ignoram
completamente.
(CENA 2 – Manhã / Mansão Romano – Sala
de Estar)
A filha
de Bernarda, Bárbara, estava vendo televisão na sala enquanto Bernarda
conversava com sua amiga “fofoqueira” Josefina no sofá.
JOSEFINA
– Então seu pai não lhe deixou nadica de nada? – ela diz surpresa e com a mão
na boca.
BERNARDA
– O velho? Puf... ele confiou todas as suas unhas e dentes no estúpido do
Oscar. Que por sinal está falindo a empresa. – ela diz em tom de deboche.
JOSEFINA
– Você não disse que ia pensar em recuperá-la?
BERNARDA
– Pensar, eu penso, mas mesmo assim não tem como. O fantasma da Ana Paula
parece me assombrar até hoje. – ela faz o sinal da cruz. – Que deus a tenha, ou
melhor, que o diabo a tenha. – Bernarda e Josefina soltam gargalhadas.
JOSEFINA
– Falando nela, amiga. Que fim essa garota levou? – ela pergunta assustada e
curiosa ao mesmo tempo.
BERNARDA
– Ficou louca! Ela simplesmente enlouqueceu e foi para o hospício. – ela diz
cinicamente. – Acredita que de tão vagabunda que era ela, assim como a mãe,
mesmo louca ainda conseguiu engravidar no hospício? – ela pergunta debochando
de Paula.
JOSEFINA
– Não brinca... – ela diz chocada. – E como ficou isso da criança com a herança
e tal?
BERNARDA
– Bem... a criança foi levada para adoção e não sei que fim levou. Já a
herança, antes de ir para lá ela renunciou de todos os bens que herdasse. – ela
esfrega o dedo polegar com o indicador. – Mas mesmo assim, o papai achou que eu
tinha sido a culpada de ela ir parar lá. Ainda teve a audácia de me retirar da
herança, agora eu sou basicamente dependente do escroto do Oscar.
JOSEFINA
– Nossa amiga, deus me livre está na sua pele. Você é tão injustiçada. – ela
diz com um tom de ironia enquanto olhava para todos os cantos da sala.
BERNARDA
– Eu sei, mas um dia eu sei que vou dar a volta por cima. – ela deixa um olho
semiaberto e sem perceber a ironia de Josefina.
BÁRBARA
– Mamãe! Mamãe! – ela chama.
BERNARDA
– O que foi, meu anjo?
BÁRBARA
– Acho que a televisão pifou.
BERNARDA
– Ai querida, vai brincar com suas bonecas enquanto eu chamo o Cristovão.
BÁRBARA
– Eu não gosto das minhas bonecas... – ela diz meio envergonhada e olha para
baixo.
BERNARDA
– Mas porquê? Eu comprei as melhores do mercado para você. – ela diz confusa.
BÁRBARA
– Não gosto de boneca...
BERNARDA
– Mas meu anjo, você é uma criança.
BÁRBARA
– Eu gosto de brincar, mas com super-heróis. – Bernarda, confusa, se ajoelha no
chão ao lado da filha.
BERNARDA
– Bárbara, isso é coisa de menino. Garotas não devem brincar disso.
BÁRBARA
– Porquê?
BERNARDA
– Porquê? – ela diz sem saber o que falar. – Porque sim, ora. – ela diz nervosa.
Josefina olha confusa para a conversa delas.
BÁRBARA
– Entendi... – ela sai dali tristemente. Bernarda se levanta do chão e vai
sentar novamente no sofá.
BERNARDA
– Que barbaridade não acha?
JOSEFINA
– Oi? – ela diz despertando de um transe.
BERNARDA
– Nada, Josefina! – ela diz impaciente e olha para cima.
JOSEFINA
– Ai amiga, me conta. Eu só estava distraída. – ela faz um biquinho de pato com
a boca. Bernarda solta um suspiro frustrada.
(CENA 3 – Tarde / Casa dos Hoffman –
Sala de Estar)
Raquel entra em casa pela a porta da frente após retornar da rádio.
Raquel tinha chamado um taxi para levar Joana de volta para casa. Ao entrar ela
imediatamente vê Cristina e Estevão sentados no sofá a encarando.
RAQUEL
– Estou fedendo ou o quê? Por que estão me encarando dessa maneira? – Débora
solta uma gargalhada só esperando a desgraça acontecer. Cristina e Estevão
continuam sérios. – Estão sem falar comigo? – ninguém responde nada. Raquel
anda até onde Débora estava dando gargalhadas enquanto lia e a encara. – O que
houve aqui? – Débora tira os olhos da revista e encara Raquel de volta.
DÉBORA
– E eu sei? – ela volta a olhar a sua revista.
CRISTINA
– Raquel, Raquel, Raquel... – ela repete calmamente enquanto se levantava do
sofá.
RAQUEL
– Finalmente alguém resolveu falar algo. – ela diz enquanto olhava para cima.
CRISTINA
– Desde quando faz coisas impuras dentro dessa casa? – ela grita enquanto dava
um passo à frente, assustando Raquel. Débora desvia o olhar da revista para ver
a discussão, sorri e volta a ver a revista.
RAQUEL
– Está louca? Do que você está falando? – ela pergunta confusa.
CRISTINA
– Um passarinho me contou que você transava com homens dentro desta casa. –
Raquel olha para Débora desconfiada.
RAQUEL
– Eu tenho guardado aqui na minha bolsa uma prova CONCRETA de que nunca trouxe
alguém para essa casa: o meu celular. – ela começa a procurar pelo o celular na
bolsa, mas não acha ele.
CRISTINA
– Não está achando o seu celular? – ela pergunta preocupada.
Raquel
tem a lembrança de que deu o seu celular para Joana pegar um taxi, por ela ter
esquecido o dela dentro da rádio.
RAQUEL
– Eu deixei o meu celular com a Joana. – ela
fala baixo a si mesma.
CRISTINA
– Disse algo?
RAQUEL
– Eu tenho que sair, mãe! – ela diz rapidamente e vai até a porta. – Eu chego
umas onze horas da noite, beijos. – ela sai rapidamente pela a porta e vai em
caminho a mansão Romano. Graças ao cartão que Joana a deu.
CRISTINA
– Raquel, nós ainda não terminamos de falar! – ela tenta ir atrás de Raquel,
mas Débora a impede.
DÉBORA
– Não adianta ir, mamãe. Ela deve ter esquecido o celular com um amante ou algo
assim. – ela diz cinicamente.
CRISTINA
– Débora... você tem a certeza do que está dizendo? – ela pergunta desconfiada.
DÉBORA
– Claro que tenho, mãe. Vai continuar a acreditar mais na Raquel do que em mim?
– ela diz chateada enquanto soltava a revista nas suas coxas.
CRISTINA
– Não é isso, é que me preocupo com esse tanto de boatos que você tem da sua
irmã.
DÉBORA
– Boatos? – ela se levanta do sofá indignada e vai para o quarto, ainda chateada.
Cristina só fica olhando Débora indo ao quarto.
CRISTINA
– Quem entende essa garota? – ela diz a Estevão depois de Débora entrar no
quarto. Cristina senta no sofá ao lado de Estevão.
(CENA 4 – Noite / Mansão Romano –
Quarto de Joana e Oscar)
Oscar abre as portas
do quarto de Joana furiosamente. Joana, que estava na cama, se assusta.
OSCAR
– Como ousou ter feito todo aquele showzinho? – ele pergunta com uma mão na
cintura.
JOANA
– Showzinho? – ela pergunta indignada e levanta uma sobrancelha.
OSCAR
– Sim, showzinho. – ele diz confiante.
JOANA
– Como você consegue ser tão hipócrita? – ela pergunta retoricamente. – Você
tem noção de que estava me traindo no local onde eu e você trabalhamos, onde
nosso filho podia entrar a qualquer momento?
OSCAR
– O Gustavo já tem idade suficiente para se preocupar com essas coisas.
JOANA
– Talvez o Gustavo sim, mas o Miguel não. Ele só tem 10 anos, Oscar. Como acha
que ele iria reagir se visse o seu próprio pai traindo a sua mãe? – ela
pergunta com os dois braços abertos na altura dos ombros.
OSCAR
– Não utilize o nosso filho como desculpa por você não cumprir o seu papel como
mulher. – ele diz furioso enquanto apontava o dedo indicador para Joana.
JOANA
– Papel como mulher? Pelo amor de Deus, pense uma vez na sua vida. Mulheres não
foram criadas para... – ela tenta se defender, mas Oscar a interrompe.
OSCAR
– Chega desse papinho de feminista, ok? – ele diz estressada.
JOANA
– Não é papinho de feminista, eu não sei se você ainda sabe, mas eu
apresento m programa na SUA rádio que representa as mulheres. – ela diz como
algo óbvio e levanta as duas sobrancelhas.
OSCAR
– Você quer que eu lhe “acalme” novamente que nem naquele dia? – ele
ameaça-a e levanta uma sobrancelha. Joana muda sua feição e fica pensativa.
JOANA – Oscar! Para! Por favor! – ela
gritava desesperada enquanto Oscar a espancava com suas próprias mãos. Oscar
agarra Joana pelo os seus cabelos morenos e a fricciona contra a parede com
azulejos.
OSCAR – Isso é para aprender a nunca
mais brincar comigo! – ele grita fora de si e a joga com força no chão de
madeira, fazendo com que ela batesse a costela. Ele a agredia mais e mais, os
socos e chutes deixavam marcas por todo o corpo suado de Joana. Ela chorava de
desespero e assustada.
Joana fica em silêncio enquanto olhava tristemente para Oscar.
OSCAR
– Acho que você já entendeu... – ele diz cinícamente.
A
campainha da mansão é acionada. Oscar chama por Lurdes, mas ninguém responde.
Oscar vai atender a porta.
(CENA 5 – Noite / Mansão Romano – Sala
de Estar)
Oscar abre a porta cuidadosamente.
OSCAR
– Com quem fa... - ele interrompe a si mesmo ao ver que era Raquel. Ele olha
para cima como sinal de frustração. – Ah, é você... O que faz aqui? – ele
pergunta impaciente e batendo o pé rapidamente no tapete felpudo.
RAQUEL
– Vim pegar o celular que esqueci com a Joana. – ela diz enquanto olhava os
arredores internos da mansão. Raquel tenta dar um passo à frente, mas Oscar a
bloqueia se apoiando com a mão no arco direito de madeira da porta.
OSCAR
– E como sabe onde moramos? – ele pergunta desconfiado enquanto barrava Raquel
de entrar na mansão.
RAQUEL
– Sua esposa me deu um cartão. Agora pode me deixar entrar? – ela diz confiante
enquanto levantava as duas sobrancelhas.
OSCAR
– Pode passar, senhorita. – ele diz sarcasticamente. – Primeiro andar no
primeiro quarto à direita. – ele aponta para escada curva de mármore com o
corrimão banhado a ouro.
Raquel
simplesmente rejeita o comentário de Oscar e sobe até o quarto de Joana. Raquel
observava o lustre de cristal que fica no teto, iluminando a sala de estar
enquanto subia nas escadas.
(CENA 6 – Noite / Casa dos Hoffman –
Quarto de Débora)
Débora
estava conversando no seu telefone com um novo admirador dela.
DÉBORA
– Então o seu nome é Gustavo? – ela pergunta maliciosamente enquanto mordia
suavemente o dedo indicador na sua boca.
GUSTAVO
– Sim, me chamo Gustavo Romano. – ele diz alegre. – Um amigo meu que lhe passou
o meu contato, não? – ele pergunta curioso.
DÉBORA
– Errado. Foi Ivan Cordeiro, esse é o nome de quem me passou o seu número.
GUSTAVO
– Ah sim, o “amigo” do meu pai. – ele solta uma pequena gargalhada e Débora
sorri para o telefone.
DÉBORA
– Não sei o porquê seu pai não gosta dele.
GUSTAVO
– Ele só é o ex da minha mãe, nada demais. – ele diz ironicamente.
DÉBORA
– E seu pai tem ciúme dele? – ela pergunta curiosa.
GUSTAVO
– Tem, mas que tal parar de falarmos no meu pai para falarmos de “nós”? – ele
diz maliciosamente.
DÉBORA
– Depende, se você estiver sozinho em casa... – ela diz maliciosamente também
enquanto mordia a ponta do dedo.
GUSTAVO
– Infelizmente não estou, principalmente porque escutei uns gritos vindo do
quarto do meu pai.
DÉBORA
– Estranho...
GUSTAVO
– Sim eu sei, eles estão falando de uma tal de Raquel. – ao dizer isso Débora
arregala os olhos, pois suspeita ser sua irmã.
DÉBORA
– Onde é sua casa? – ela diz desesperada.
GUSTAVO
– Mas eu falei que eu não estou sozinho... – ele entende a fala de Débora em
outro sentido.
DÉBORA
– Não é o que você está pensando, bobo. – ela diz sorrindo. – A minha “irmã” é
que pode estar aí, ela se chama Raquel e disse que ia atrás do celular dela.
GUSTAVO
– Ah sim, bem melhor do que eu pensava. – ele diz aliviado.
DÉBORA
– Deixa de ser bobo, Gustavo.
GUSTAVO
– Eu só estava... Enfim, vou lhe mandar o endereço.
DÉBORA
– Certo, vou saber o que Raquel está fazendo aí.
(CENA
7 – Noite / Mansão Romano – Quarto de Oscar e Joana | 1° Andar)
Raquel fica na frente de Joana à
protegendo, Oscar estava querendo a agredir.
RAQUEL
– Já lhe falei para não se aproximar dela! – Raquel grita enquanto apontava a
ponta de uma escova para Oscar. Joana estava assustada atrás dela.
OSCAR
– Nunca mais você irá me fazer de palhaço! – Oscar ameaça Joana, Raquel, no
impulso, vai para cima dele e dá pequenos socos nele. Oscar a puxa fortemente e
ela cai sentada no chão.
RAQUEL
– Você não vai encostar mais um dedo sujo na Joana! – ela grita furiosa. Raquel
se levanta rapidamente e agarra Oscar para ele não bater em Joana.
Rapidamente, Gustavo abre a porta.
GUSTAVO
– Meu deus do céu, o que está ocorrendo aqui? – ele pergunta assustado. Todos
vão desfazendo o que estavam fazendo aos poucos – Parecem um bando de animais.
Gustavo começa a discutir intensamente com
Oscar, Joana e Raquel saem do quarto assustadas. A voz de um homem valia mais a
pena para Oscar do que de duas mulheres
(CENA
8 – Noite / Mansão Romano – Sala de Estar | Térreo)
Ainda assustada, Raquel escuta alguém
tocar a campainha, como não tinha ninguém por perto ela resolveu atender. Para
a sua surpresa era a sua irmã Débora.
DÉBORA
– O que você faz aqui, Raquel? – ela pergunta.
RAQUEL
– Eu vim pegar o meu celular. Como havia lhe dito. – ela diz – E que histórias
falsas são essas que você anda dizendo a mamãe? Eu nunca levei um homem para
aquela casa.
Débora fica sem palavras e sem reação.
RAQUEL
– Débora? Ficou sem argumentos agora? – ela diz em tom de deboche enquanto
levantava uma sobrancelha.
DÉBORA
– Eu disse a mamãe porque era a única maneira que eu consegui para me livrar de
suas regras.
RAQUEL
– E para isso eu tinha que ser a ferrada da história?
GUSTAVO
– Garotas! Já podem se sentir melhores, o papai já está bem calmo e..
-
ele interrompe a si mesmo ao ver uma garota bonita na sua frente.
Débora tenta jogar um charme para ele
achando que ele estava a vendo, mas na verdade ele se aproxima de Raquel e a cumprimenta
com um beijo na mão.
(Foca-se na face de ódio de Débora. A tela congela em um tom amarelado.)
(Foca-se na face de ódio de Débora. A tela congela em um tom amarelado.)
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