Type Here to Get Search Results !

Antropófago - Diário de um Canibal | Episódio 05


 ANTROPÓFAGO – DIÁRIO DE UM CANIBAL
WEB SÉRIE DE ADÉLISON SILVA
PRIMEIRA TEMPORADA
QUINTO EPISÓDIO 
   
CENA 01/ INT/ FLORESTA MOSSAÍH/ CAVERNA/ TARDE

MAX: (falando sozinho) Tem algo muito estranho acontecendo aqui. (com ódio) O seu Baltasar está mentindo, ele sabe o caminho de volta. (jogando a garrafa no chão) Eu não vou mais esperar ele voltar, vou sair pra procurar algo pra comer.

Max joga a garrafa no chão e vai indo para saída da caverna. CORTA para cena seguinte.

CENA 02/ EXT/ FLORESTA MOSSAÍH/ TARDE

Max vai saindo da caverna meio tenso, caminha pela a floresta assustado sem noção do que pretendia fazer. Se aproxima do lago e olha o seu o reflexo de seu rosto. Pela a primeira vez a CAM revela o rosto de Max refletido na água do lago. Seu rosto está completamente deformado. Ele passa a mão pelo o rosto assustado com a imagem que via. Uma lágrima desce pelo o seu rosto e pinga na água do lago embaralhando o seu reflexo. Max senta próximo as águas e se derrama em lágrimas, enquanto lembrava do dia do acidente. 

{Flashback on}

Max está segurando a passarela, Érica dá um passo para trás e pisa em sua mão. Em câmera lenta vai mostrando Max caindo no cilindro de soda enquanto avistava Davi e Érica abraçados.

{Flashback off}

Continuação da CENA 02/ EXT/ FLORESTA MOSSAÍH/ TARDE

As cenas das lembranças vão alternando com as cenas do momento atual (Max sentado próximo ao lago se derramando em lágrimas), enquanto se ouve a narração a seguir.

MAX: (off) Apesar de estar me sentido um monstro, a minha forma física não era o que mais me machucava. Na minha memória, as imagens do dia do acidente jamais me abandonavam, assim como a imagem de Davi e Érica abraçados e aliviados ao mesmo tempo em que eu caía em direção à soda cáustica. É como se eles não tivessem dado a menor importância ao me ver naquele calor sufocante que dilacerava o meu corpo. Tanto tempo preso na caverna, largado e esquecido por todos, me fez mudar o conceito sobre os dois: nada tirava da minha mente que eles eram os culpados por eu estar naquela situação. Eu continuava amando Érica com toda minha alma, mas sentia ódio por ela ter se esquecido de mim.

[ABERTURA]
EPISÓDIO V
“O despertar de um monstro”



CENA 03/ EXT/ FLORESTA MOSSAÍH/ TARDE
CORTA mostrando uns pés se aproximando. Max olha para trás se levanta de onde está e se esconde atrás de uns arbustos. De lá ele observa uma moça de rosto singelo e cabelos longos e pretos. 

MAX: (falando baixinho) Érica? É minha Érica. Não, essa não é ela.

A moça ao se aproximar do lago, desata a sua sandália e toca a água com o dedão do pé, provando a temperatura. Olha para um lado e para o outro, e não notando Max atrás dos arbustos começa a despir-se do vestido longo e branco que lhe cobria dos ombros até os pés.

CORTA para as lembranças de Max.

{Flashback on}

CENA 04/ INT/ REPÚBLICA/ BANHEIRO FEMININO/ NOITE

Mostra Max se aproximando do banheiro feminino que estava de porta entreaberta. CORTA para Érica passando as mãos pela a cabeça enquanto toma o seu banho. Max a observa pelo o reflexo no espelho do banheiro. Érica olha para o espelho e ver Max a espionando.

ÉRICA: (cobrindo os seios) Sai daí Max!

CORTA para momentos depois no pátio.

CENA 05/ INT/ REPÚBLICA/ PÁTIO/ NOITE

Max está sentado em um banco pensativo e Érica se aproxima.

ÉRICA: (com arrogância) Muito feio o que fez, sabia?
MAX: Me desculpe, eu me perdi na emoção de lhe ver ali tomando banho. Queria poder te tocar.
ÉRICA: Escute bem Maxweel. Eu não vou falar sobre isso pra ninguém, mas você vai me prometer que isso jamais voltará a acontecer.
MAX: Eu prometo. Eu estou envergonhado por isso.
ÉRICA: Acho bom mesmo.

Érica sai deixando Max sozinho.


{Flashback off}

Continuação da CENA 03/ EXT/ FLORESTA MOSSAÍH/ TARDE
   
A moça entra lentamente no lago, mergulhando o seu corpo suavemente nas águas obscuras. Max já está ao lado das margens do lago, enfeitiçado com a cena que assistia. A moça estava de costas e envolvida em seu banho não o notava. Max, então toca os pés na água, desperta a sua atenção e ela se apavora quando o vê. Rapidamente a moça lança os braços sobre os seus peitos no intuito de cobri-los. Max fica assustado e completamente sem ação diante do flagra. 

MOÇA: (gritando) Socorro, socorro! Estou sendo atacada por um maníaco! Alguém aí, por favor, me ajude! (implorando) Moço, por favor, não faz nada comigo!
   
MAX: (off) Eu me envolvi numa tristeza quando ouvi a palavra maníaco soando de seus lábios. Vi-me então diante de três opções: a primeira era fugir, deixando de lado a única pessoa [além do Seu Baltasar] que havia me visto durante esses cinco anos; a segunda era tentar acalmá-la e convencê-la de que não era um maníaco. Mas como fazer isso se nem mesmo eu tinha certeza de tal coisa? Fiquei, então, com a terceira opção. Amedrontado diante do seu desespero, não poderia deixar que alguém mais se assustasse ao me ver. Pulei dentro do lago e a abracei pedindo para ficar quieta. 

Max segura a moça, e ela se debate, contorcendo e gritando.

MOÇA: (gritando desesperada) Me solta! Socorro eu preciso de ajuda!

Max afunda a cabeça da jovem dentro do lago, segurando a firme enquanto ela continuava a se debater. Ele então a puxa pelo os cabelos. 

MAX: Por favor, eu não quero te machucar!
MOÇA: (gritando) Me solta seu monstro! Me deixa em paz!

Max mais uma vez afunda a cabeça da moça dentro do lago. CORTA para imagens do fundo do lago mostrando Max pressionando o rosto da moça contra as pedras.

A moça para de se debater. Max puxa o seu rosto para fora e percebe que ela está desacordada. Ele então a arrasta com as mãos segurando por baixo dos seus braços. A tira de dentro das águas e a joga em cima de uma pedra na beira do lago. 
   
MAX: (passando as mãos pela a cabeça) Meu Deus o que fiz? Como essa moça veio parar aqui? Ela não deve está sozinha. Eu não posso ser visto por mais ninguém. O seu Baltasar estava certo, eu não deveria ter saído da caverna. E agora? Será que ela está morta? 
Max vai saindo deixando a moça jogada sobre as pedras. Mas então ele volta e decide levá-la.

MAX: (falando sozinho) Eu não posso deixá-la aqui.

Max pega a moça em seus braços e a leva até a caverna. CORTA para momentos depois ele já dentro da caverna.



CENA 06/ INT/ FLORESTA MOSSAÍH/ CAVERNA/ TARDE

Max deita a moça no chão e agacha ao seu lado.

MAX: Você é tão linda, como se parece com a Érica! (T) Eu preciso amarrá-la, não posso permitir que ela fuja ao acordar.
     
Max procura nos pertences do Baltasar (os poucos que a correnteza não levou) algo que pudesse servir de corda. Ele encontra algumas roupas molhadas espalhadas por entre as rochas, com a faca ele as corta em tiras, e mais do que depressa imobilizei a moça, amarrando seus pés e seus braços. Logo depois ele senta ao lado da moça e continua admirando-a. Lentamente ele a toca, passeando a mão de leve pelo seu corpo. Acariciando o seu rosto e entrelaçando as mãos em seus cabelos. Desejando-a como nunca naquele momento.

MAX: Érica, minha amada Érica. Como eu queria ter você todinha pra mim. Porque me abandonou aqui? Porque não quis mais saber de mim?

Max vai abaixando se preparando para beijar a moça. Mas ela desperta e se assusta ao vê-lo ali próximo a ela.
  
MOÇA: Me solta seu monstro, me tira daqui! (gritando) Socorro, alguém me ajude!
MAX: Por favor, não grita, eu não vou te fazer mal.
MOÇA: Fique longe de mim! Que lugar é esse, me tira daqui!

Mesmo amarrada ela levantou e saiu saltitando em direção a saída da caverna.

MOÇA: (gritando) Socorro! Socorro! Alguém, por favor, me ajude!
MAX: (com a faca nas mãos) Moça se acalme, eu prometo que não irei lhe fazer nenhum mal.
MOÇA: Fique longe de mim seu maníaco! Eu preciso sair daqui. 
MAX: Eu vou tirar você daqui, mas você precisa se acalmar.
MOÇA: Não se aproxime de mim. (gritando) Socorro! Alguém, por favor, me ajude! Tem um maníaco tarado querendo me matar. Socorro! Socorro!

Max tomado pela a adrenalina e incomodado com os gritos da moça, a agarra pelas as costas e com a mão esquerda lhe tampa a boca sufocando o seu grito, enquanto a mão direita permanecia segurando o punhal. A cena segue conforme a sua narração.

MAX: (off) A moça se debatia em seu desespero, tentando fugir dos meus braços. Levado pela adrenalina do momento, a seguro com mais força e sinto a faca perfurar o seu couro um pouco abaixo do seu seio, em meio as duas de suas costelas flutuantes. A moça arregala os olhos e geme de dor. Apavorado, aprofundo a faca sentindo o seu sangue escorrer em meus dedos. Percebo que a lâmina entrou por completo, pois o cabo já se encostava ao osso da costela. Ela para de se mexer e, soltando-a lentamente vejo-a ceder ao chão, morta.

Max se cobriu de desespero ao ver a moça ali morta. Dá alguns passos para trás se afastando do corpo da moça. 

MAX: O que eu fiz? Meu Deus eu matei a moça! 

Max fica desesperado. Vai andando pela a caverna desnorteado até chegar ao lago. Agacha próximo a água e lava as suas mãos e o seu rosto tirando o sangue que o envolvia. Ele senta no chão e fica ao longe observando a moça.

MAX: (off) Sento-me ao longe e a observo caída no chão, o seu corpo debruçado sobre a pedra retangular. Brotava do seu peito perfurado litros de sangue que banhavam completamente a pedra e escorriam até a água do rio fazendo pigmento da sua cor avermelhada com a água. Os olhos fechados faziam-na parecer dormir o sono dos anjos e pelos seus condutos lacrimais brotavam um pouco de sangue como um choro sufocado. A minha Érica estava morta; tenho consciência de que não se tratava da pessoa de Érica, mas a semelhança era tão grande que às vezes me confundia. 
  
Max se levanta do lugar em que está e vai se aproximando do corpo da moça. Fica por um instante em pé ao seu lado. Depois agacha e volta a lhe tocar. 

MAX: Como ela é linda, como é perfeita! (chorando) O que eu fiz? Meu Deus eu matei a minha Érica! Meu amor me perdoe, eu só queria ter você pra mim. (passando os dedos delicadamente pelo o corpo da moça) Poder sentir a sua pele. Sentir de novo o seu beijo...
CORTA para as lembranças de Max.

{Flashback on}

1 EPS/ CENA 06/ INT/ REPÚBLICA/ JARDIM/ DIA

Érica encostou seu rosto no rosto do Max, e os dois se abraçaram. Depois ela se afastou um pouco e o olhou fixamente nos olhos.  Com sorriso enigmático o pergunta.

ÉRICA: E então, o queria mesmo comigo?
MAX: Já não sei, só sei que te quero.
Érica dá meia volta em torno de Max e sussurra em seu ouvido.

ÉRICA: Eu acho que também te quero.
Max fica nervoso, fitava o olhar em cada movimento que Érica dava. Ela por sua vez completou a volta deixando a mão sobre a sua nuca e o acariciando. E finalmente já em sua frente lhe dá um demorado beijo.

{Flashback off}


Continuação da CENA 06/ INT/ FLORESTA MOSSAÍH/ CAVERNA/ TARDE

MAX: (falando sozinho) ... Queria sentir o seu sabor, poder possuí-la e lhe ter só pra mim. (com ódio) E desta vez sem Ricardo e muito menos o Davi para me atrapalhar. (T) Seria só eu e você, nós dois se amando sem se preocupar com o tempo e nem com ninguém. Apenas eu e você. (com tristeza) Mas eu sou um monstro e a matei. 

Max olha em suas mãos e ver elas sujas novamente pelo o sangue da moça. Ele aproxima as mãos em sua fronte e sente o cheiro do sangue da moça. Passa a mão pelo o rosto deixando-o completamente ensanguentado. Desce a mão até a altura da boca e levemente lambe os dedos provando o sangue da jovem a qual ele havia matado. 
  
MAX: (off) Acredite! Eu gostei do sabor. É como se eu experimentasse um pedaço de Érica. Eu não poderia acreditar no que estava sentindo. Se o seu sangue era saboroso, mais apetitoso ainda seria um pedaço da sua carne. Desejava eu experimentar o sabor do corpo daquela moça. E por que não a parte mais importante, o coração? O coração que nunca me pertenceu. Aquele pedaço de carne que nunca bateu por mim da forma que o meu ainda batia desesperadamente por ela, a minha amada Érica.
  
Max vira o corpo da moça que até então se mantinha em decúbito ventral, e dá-lhe um demorado beijo em sua boca. Ele retira o punhal que ainda estava fincado no peitoral da moça. Depois enfiando novamente sai cortando abrindo mais espaço. E com as mãos vai adentrando o peitoral da jovem procurando o seu coração. A CAM foca no olhar de Max que sente prazer ao tocar o coração da moça. Ele puxa o coração para fora e com o punhal corta as veias e tudo mais que o prendia ao corpo da jovem.

MAX: (off) A sensação que eu tinha era que ele ainda pulsava. Aproximei a minha boca lentamente sentindo o cheiro do seu sangue. Rasgo a sua carne e sacio a minha fome com partes do seu miocárdio. Era impressionante o prazer que eu sentia por experimentar a carne humana, por sentir o sabor da minha Érica. Era nojento imaginar que se tratava de um ser da minha espécie, mas prazeroso. Sentia o seu sangue ainda quente descendo sobre a minha garganta. Abocanhava a sua carne como um animal feroz diante de sua presa.

Ouve se um barulho. Max levanta o rosto a CAM mostra por trás revelando Baltasar em frente a Max segurando o vestido da moça em suas mãos.

FIM DO QUARTO EPISÓDIO
Como a página de um diário mostra Baltasar em pé abismado com a cena que assistia em uma espécie de Freeze frame. Depois o diário fecha mostrando o logo da série na capa.

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO

MAXWELL = Johnny Massaro
ÉRICA = Sophia Abrahão
BALTASAR = Leopoldo Pacheco
MOÇA MORTA POR MAX = Bruna Hamú


Postar um comentário

0 Comentários
* Please Don't Spam Here. All the Comments are Reviewed by Admin.