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A Voz de uma Mulher | 5° Capítulo - A falsidade não tem limítes



5° Capítulo – A falsidade não tem limites

(CENA 1 – Noite / Hotel Romano – Lado externo)

    Gustavo estava abraçado e chorando com o corpo de Joana nas mãos. Raquel se aproxima de Gustavo, coloca a cabeça no seu ombro e chora junto a ele.

RAQUEL – Gustavo, nós temos que sair daqui ou chamar alguém. – ela diz em meio as lágrimas.

GUSTAVO – Não, eu não posso me separar dela. Não posso me separar da minha mãe. – ele diz chorando e abraçado ao corpo de Joana.

RAQUEL – Gustavo, por favor nós temos que sair daqui e chamar ajuda. – ela diz chorando enquanto balançava o ombro de Gustavo.

GUSTAVO – Me deixa com ela! Por favor...

RAQUEL – Não dá, Gustavo. Nós temos que chamar ajuda. – ela diz se levantando e enxugando as lágrimas.

GUSTAVO – Ajuda? Para que a ajuda ia servir?

RAQUEL – Eu não sei! Não sei! Eu só quero agir de alguma maneira. – ela diz tristemente. Gustavo para de abraçar Joana e se levanta lentamente.

(CENA 2 – Manhã / Mansão Romano – Sala de Estar)

    Oscar estava sentado e pensativo na poltrona da sala. Cíntia estava dormindo no quarto dele. O Telefone toca.

OSCAR – Alô? – Oscar diz ao atender o telefone.

GUSTAVO – Papai? – ele diz chorando

OSCAR – O que houve Gustavo? Por quê você não veio dormir em casa? – ele pergunta preocupado.

GUSTAVO – Foi por causa da minha mãe.

OSCAR – Achou ela? – ele pergunta “esperançoso”

GUSTAVO – Achei... – ele deixa cair uma lágrima e soluça.

OSCAR – E onde ela está? Onde você está? – ele pergunta cinicamente animado.

GUSTAVO – Eu estou no hospital, já a minha mãe ela... – ele se auto interrompe. – A minha mãe... ela está morta. – ele diz em meio as lágrimas. Oscar desliga o telefone e solta um suspiro.

NO HOSPITAL...

GUSTAVO – Papai? – ele pergunta ao telefone. – Papai?! – ele grita desesperado ao telefone e o joga fortemente no chão. Raquel vira no corredor do hospital e ao ver o estado de Gustavo vai correndo até ele.

RAQUEL – Gustavo! Meu Deus! Você tem que se acalmar! – ela diz em um tom de repreensão.

GUSTAVO – Minha mãe morreu de uma hora para outra, como você quer que eu me acalme?! – ele diz em um alto tom, em seguida coloca as duas mãos sobre a cabeça. Raquel senta lentamente ao lado de Gustavo e aperta a sua mão.

RAQUEL – Eu também gostava muito da Joana, mas nós temos que ser fortes, ou melhor, sermos valentes. – ela aperta a mão de Gustavo com as duas mãos, Gustavo olha para a sua mão e depois para Raquel, que solta um sorriso.

GUSTAVO – Você, querendo ou não, foi uma benção na minha vida, Raquel. – ele diz com água nos olhos e abraça-a. Raquel solta um breve suspiro.

(CENA 3 – Manhã / Mansão Romano – Quarto de Oscar | 1° Andar)

    Oscar chega calmamente no seu quarto, onde Cíntia estava dormindo em sua cama e da sua falecida esposa.

OSCAR – Cíntia, acorda! – ele grita. Cíntia acorda rapidamente e assustada como se houvesse tido um pesadelo.

CÍNTIA – Oscar?! – ela acorda assustada. – Cadê a Joana? – ela pergunta olhando ao redor do quarto todo.

OSCAR – Não se lembra do que fez? – ele pergunta confuso e dando poucos passos para frente.

CÍNTIA – A Joana estava comigo nesse instante, mas do nada, ela desapareceu. Ela parece que me assombra... – ela diz um pouco traumatizada.

OSCAR – Tudo não deve ter passado de um pesadelo. Só lhe peço que nunca mais faça uma estupidez dessas. Quase me assusta, mulher, além do mais, se não fosse eu, alguém já teria suspeitado dessa sua atitude. – ele diz a repreendendo.

CÍNTIA – Me desculpa, é que eu estou com medo, Oscar. Aquilo que eu fiz foi um crime horrendo. – ela diz preocupada.

OSCAR – Você não tem com o quê se preocupar, ninguém suspeita de nós, além do mais para todos, até o Gustavo, você já não estava mais no hotel.

CÍNTIA – Sim, mas você não acha que a polícia vai suspeitar que ela foi morta justo no hotel da amante do seu marido? – ela pergunta preocupada.

OSCAR – A arma do crime não está lá, além do mais jogamos o corpo pela a janela do escritório e limpamos o sangue. Eu só te imploro que não me preocupe mais, mais uma preocupação e minha cabeça explode. – ele sai do quarto e deixa Cíntia sentada na cama.

(CENA 4 – Manhã / Mansão Romano – Sala de estar | Térreo)

    Oscar estava descendo calmamente as escadas. Gustavo abre a porta da frente e a fecha calmamente.

OSCAR – Filho! – ele diz alegre ao vê-lo.

GUSTAVO – O que foi?! – ele grita furioso. Oscar muda a sua feição e desce as escadas rapidamente.

OSCAR – Não grite comigo! – ele grita furioso também.

GUSTAVO – Matou a minha mãe, seu desgraçado! – ele vai para cima de Oscar e tenta o socar, mas Oscar o empurra para longe e ele cai sentado no chão.

OSCAR – O que você está falando?! – ele grita furioso.

GUSTAVO – Minha mãe saiu de casa porque deve ter se cansado de suas humilhações! – ele grita e aponta rapidamente para Oscar.

OSCAR – Eu a humilhei? – Oscar aponta para si mesmo.

GUSTAVO – Imagina... – Gustavo tenta ir para cima de Oscar de novo. – Você não é meu pai, você não passa de um maldito assassino. – Oscar impede Gustavo de avançar com as suas mãos.

CÍNTIA – Meu Deus, o que está acontecendo? Ouvi os gritos lá de cima. – Cíntia pergunta preocupada no começo da escada no primeiro andar.

OSCAR – Volta para o quarto, Cíntia! – ele grita. Gustavo, ao ver Cíntia, se afasta de Oscar.

GUSTAVO – O que ela está fazendo aqui? É assim que quer se despedir da sua esposa? Trazendo uma mulher, que é a sua amante?! – ele pergunta furioso.

OSCAR – Não vou trocar mais uma palavra com você, Gustavo. Você está muito alterado. – ele dá pequenos passos para frente, mas Gustavo o bloqueia. Oscar olha para Gustavo imediatamente.

GUSTAVO – Se eu descobrir que você, ou a sua “amiga”, tem algo a ver com a morte da minha mãe, eu juro que lhe esqueço para sempre como pai. – ele diz encarando Oscar nos olhos.


(CENA 5 – Manhã / Casa dos Hoffman – Sala de estar)

   Raquel abria a porta da casa tristemente, ela segurou por muito tempo a vontade de chorar por Joana. Cristina ouve a porta da sala se abrindo e vai conferir.

CRISTINA – Raquel, isso é hora de... – ela se auto interrompe ao ver o estado de sofrimento de Raquel. – Filha, por quê você está assim? O que houve? – ela pergunta preocupada.

RAQUEL – Mãe... me abraça, por favor. – Cristina abraça Raquel. – Promete que você nunca vai me deixar? – ela pede a Cristina enquanto chorava.

CRISTINA – Prometo, mas o que aconteceu? Alguém lhe machucou, te ameaçaram? – ela desfaz o abraço.

RAQUEL – Não, comigo não fizeram nada.

CRISTINA – Então o que aconteceu para você voltar dessa maneira? – ela pergunta preocupada.

RAQUEL – A Joana, a mãe do Gustavo, ela morreu... – ela diz chorando.

CRISTINA – Quem é Joana?

RAQUEL – Era uma amiga minha, a com quem eu deixei meu celular anteontem. – ela diz enxugando as lágrimas. – E ontem, ela tinha desaparecido misteriosamente de casa, então, mesmo sendo de noite, eu decidi ir procurá-la.

CRISTINA – Você foi de noite? E sem a minha permissão? – ela diz mudando de feição.

RAQUEL – Mamãe, esse não é o momento de falar sobre isso. – ela diz lacrimejando um pouco.

DÉBORA – Nem se falar que você saiu com o Gustavo, maninha? – Débora diz cinicamente enquanto surgia rapidamente do corredor.

CRISTINA – Que história é essa? Quem é Gustavo? – ela pergunta ainda mais confusa.

RAQUEL – Já chega, vocês duas! Achei que você podia me consolar mamãe, mas eu acho que você só me deixa ainda pior. – ela diz com os olhos lacrimejados e encara Débora.

DÉBORA – Ui! – ela emite cinicamente. Cansada, Raquel vai rapidamente até o seu quarto.

CRISTINA – Você devia parar de provocar a sua irmã, Débora. Ela acabou de perder uma amiga, que por sinal era mãe desse tal de Gustavo.

DÉBORA – A mãe do Gustavo morreu? – ela diz surpresa, mas alegre por dentro. – Acho que finalmente chegou a hora certa de conquistar o Gustavo, em um momento de fragilidade quem negaria uma ajuda “amiga”. – ela pensa cinicamente.

(CENA 6 – Manhã / Mansão Romano – Sala de jantar)

    Oscar estava sentado na cadeira que fica na ponta da mesa de jantar, com um prato de ovos e bacon a sua frente. Cíntia entra na sala e se senta na cadeira mais próxima de Oscar.

CÍNTIA – Você tinha dito que o Gustavo não suspeitava de nada. – ela diz calmamente e com sua mão em cima da de Oscar.

OSCAR – Eu achei que ele não soubesse. – ele retira a sua mão de perto de Cíntia.

CÍNTIA – Você achou? – Cíntia bate fortemente na mesa. – Isso não é um jogo de achismo, cacete. Eu posso ser presa! – ela encara Oscar nos olhos e com um pouco de saliva saindo da boca enquanto gritava.

OSCAR – Cíntia, essas palavras não são permitidas nessa casa! – ele grita em repreensão e batendo na mesa também.

CÍNTIA – Eu não me importo com as regras que você tem nesta casa! – ela grita em mesmo tom. – Se você não liga para o fato de ser presa, você sabe que se eu cair, você cai junto. – ela diz em tom ameaçador. Oscar segura o pulso de Cíntia fortemente.

OSCAR – Não me ameace! – ele afirma e joga o pulso de Cíntia para trás, fazendo com que ela fosse um pouco para trás.

CÍNTIA – Você não me assusta mais, Oscar. Ontem até eu achei que você fosse mudar, mas eu mudei de opinião.

OSCAR – Como queria que eu ficasse depois de ter matado a minha esposa? – ele fala baixo.

CÍNTIA – Você fala como se importasse e a amasse, sendo que a traiu comigo
- ela diz em tom de deboche.

OSCAR – CALA A BOCA! – ele grita altamente. Cíntia só o olha com desgosto.

GUSTAVO – Não se pode mais ter um segundo de paz nessa casa? – ele pergunta calmamente ao chegar na sala. Ele estava com fortes olheiras escuras nos olhos e uma cueca que aparentava não estar lavada.

OSCAR – Gustavo, nós precisamos conversar sobre ontem.

GUSTAVO – Nós não temos nada que conversar, papai. Não enquanto a minha chefe estiver aqui. – ele olha para Cíntia imediatamente.

CÍNTIA – Não entendo porque me trata dessa maneira.

GUSTAVO – Você quer que eu lhe dê mais motivos? – ele diz colocando o prato calmamente em cima da mesa.

OSCAR – Gustavo! Pelo o amor! – ele diz irritado.

GUSTAVO – Deu em defender a sua amante agora? – ele diz cinicamente

CÍNTIA – Perdão, Oscar. Não tenho mais como ficar escutando essas barbaridades. – ela diz se levantando calmamente.

GUSTAVO – Vai embora mesmo, ninguém lhe convidou para cá. Quando chegar em casa já pode ir preparando a minha demissão também.

OSCAR – Gustavo! – ele diz tentando chamar a atenção.

GUSTAVO – E fique sabendo que está proibida de ir para o enterro da minha mãe. – ele diz enquanto Cíntia saia da sala.

OSCAR – Gustavo!! – ele grita. – Filho, eu já lhe disse que ela não é nada minha. – ele diz calmamente.

GUSTAVO – Essa é a única explicação se ela não estava na empresa, por qual motivo a mais ela estaria aqui? É uma puta falta de respeito a trazer enquanto a sua esposa, minha mãe, estava morrendo ou já estava morta. – ele diz começando a chorar.

OSCAR – Filho, por favor, eu nem sabia que sua mãe estava por lá. – ele diz se aproximando de Gustavo para dar um abraço. Gustavo o empurra, mas Oscar o abraça novamente e Gustavo aceita enquanto chorava.

(CENA 7 – Tarde / Cemitério Municipal)

   DIAS DEPOIS...

    Todos estavam ao redor da cova em que estava sendo enterrada Joana Romano. Raquel e Gustavo estavam abraçados e chorando. O caixão é enterrado e Raquel junto com Gustavo vão abraçados em direção a saída, porém Débora aparece na frente dos dois e cumprimenta Gustavo.

DÉBORA – Meus pêsames, Gustavo. – ela diz e abraça Gustavo. Afastando com as duas mãos Raquel de Gustavo.

GUSTAVO – Obrigado, Débora. – eles ainda estavam se abraçando. Com um pouco de desconforto, Raquel se afasta dos dois e vai para a saída sozinha. – Onde está Raquel? – ele pergunta enquanto se afastava do abraço de Débora e olhando ao seu redor.

DÉBORA – Não sei, ela deve ter saído ou algo assim. – ela diz enquanto virava o rosto de Gustavo para a frente da sua face.

GUSTAVO – Ela pode ter fugido. – ele diz enquanto dava um pequeno empurrão em Débora. Gustavo vai correndo à procura de Raquel.

DÉBORA – Gustavo! – ela grita indignada.

GUSTAVO – Desculpa. Eu já perdi uma pessoa na minha vida, não posso perder outra. – ele diz enquanto corria para ir atrás de Raquel.

(CENA 8 – Tarde / Casa dos González – Quarto de Cíntia)

    Cíntia estava deitada em sua cama enquanto falava com Oscar pelo o telefone.

OSCAR – Ainda bem que você não veio, foi uma choradeira tamanha. – ele diz a Cíntia pelo o telefone.

CÍNTIA – Imagino... – ela diz enquanto olhava para as unhas. – Você sabe que amanhã nós iremos ter a nossa reunião presidencial, né? Para tratar do assunto da vice-presidência e outras coisas. – Cíntia diz em tom malicioso.

OSCAR – Para essas “outras coisas” eu sempre vou preparado, você sabe...

CÍNTIA – Claro que sei, amor. Amanhã nós falamos melhor disso. Estou muito ocupada. – ela diz e dá um pequeno beijo para um homem que está ao seu lado na cama.

OSCAR – Até amanhã, Cintia! – ele afirma e desliga o telefone.

JORGE – Com quem falava no telefone, Amor? – ele pergunta enquanto beija o pescoço de Cíntia.

CÍNTIA – Ai para se não eu fico arrepiada. – ela o afasta do seu pescoço enquanto soltava um sorriso. – Era só o Oscar. – ela diz com um olhar de cachorro sem dono.

JORGE – Você não sabe como eu fico quando eu imagino que você vai para cama todas as noites com aquele velho asqueroso.

CÍNTIA – Aquilo não me significa nada, você acha que o que ele tem entre as pernas me interessa? – Cíntia solta uma gargalhada. – Ele tem o sacrifício de subir “aquilo”, além do mais você sabe que eu só tenho olhos para você. – ela o encara feliz enquanto acariciava o maxilar de Jorge. Os dois se beijam.

JORGE – Não vai demorar muito para você pegar a grana dele, vai?

CÍNTIA – Sinceramente, não sei. Ainda tenho que arranjar alguma forma de me casar com ele e tal.

JORGE – Você se lembra da ideia que eu já dei, né?

CÍNTIA – Claro que me lembro, mas eu não me vejo sendo mãe com aquele asqueroso. – ela acaricia a própria barriga.

JORGE – E quem disse que tem que ser com ele? – ele diz em um tom malicioso.

CÍNTIA – Sabe, você me deu uma ótima ideia... – Cíntia parte para cima dos lábios de Jorge com um beijo de longa duração. Os dois se separam e Cíntia solta um sorriso enquanto pensava em algo.

    (A câmera foca na feição pensativa de Cíntia, a tela congela em um tom amarelado.)

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